Hidrogéis e filmes nanocompósitos de polissacarídeos contendo substâncias do gergelim para o tratamento de doenças vaginais
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Date
2023-10-06Primeiro membro da banca
Andrade, Diego Fontana de
Segundo membro da banca
Santos, Roberto Christ Vianna
Metadata
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A tricomoníase e o câncer de colo uterino são doenças ginecológicas relevantes para a saúde
pública. Esse estudo se concentrou na pesquisa por novos potenciais agentes terapêuticos e no
aprimoramento das formas farmacêuticas utilizadas para liberação vaginal dos mesmos,
objetivando maior eficiência clínica. As gomas xantana (XG) e ƙ-carragenina (CG) foram
utilizadas no delineamento de filmes e hidrogéis mucoadesivos para administração do óleo de
gergelim (SO) e do sesamol (SES), ambas substâncias obtidas do gergelim. Os filmes foram
produzidos pelo método de evaporação do solvente e os hidrogéis pelo espessamento direto
das gomas, considerando as condições vaginais fisiológicas. Uma nanoemulsão de óleo de
gergelim (SONE) foi preparada através do método de emulsificação espontânea para
viabilizar sua inclusão no filme de polissacarídeos hidrofílicos. Posteriormente, o SES foi
associado à SONE, obtendo a nanoemulsão de óleo de gergelim contendo sesamol (SONESES) para inclusão no hidrogel. O filme composto pela blenda das XG e CG (concentração de
2%, proporção 1:3) plastificado com glicerol (SONE-XCF) e mostrou-se mais promissor para
administração vaginal do que os filmes obtidos através do uso isolado das gomas. A SONE
foi adequadamente convertida no filme (SONE-XCF) e as nanogotículas mantiveram-se
íntegras na matriz polissacarídica do SONE-XCF. O SONE-XCF apresentou aspecto
homogêneo, característica hidrofílica (θ = 56 ± 3), elevada capacidade de intumescimento
(2427,22 ± 109,57 %), mucoadesividade (5773 ± 952 dyne/cm²) e longo tempo de
desintegração (> 8 h), o que contribui para a absorção de fluidos excessivamente produzidos
durante as infecções vaginais e proporciona maior tempo de retenção no local de ação. Pela
primeira vez, a atividade anti-Trichomonas vaginalis in vitro do SO foi demonstrada (IC50 de
5,935 mg/mL) e a SONE potencializou esse efeito (IC50 de 1,8549 mg/mL), indicando uma
inerente atividade contra T. vaginalis para o SONE-XCF e potencial para incorporação de
outros fármacos úteis no tratamento desta infecção. Por sua vez, a SONE-SES apresentou
eficiência de encapsulação de 67,41%. O SES apresentou efeito citotóxico in vitro em
linhagem de células HeLa (IC50 > 75 µg/mL) e através da SONE-SES uma melhor resposta
foi alcançada (IC50 de 42,06 µg/mL). A SONE-SES foi convertida no hidrogel (HG SONESES) composto pela blenda entre XG e CG na concentração de 3,5 % e proporção 2:1, que
proporcionou adequada cobertura, retenção e mucoadesão na mucosa vaginal bovina. O teor
ficou próximo a 100 % e o diâmetro médio da SONE-SES foi mantido. O HG SONE-SES
apresentou fator de espalhabilidade de 5,48 mm²/g, fluxo não-Newtoniano pseudoplástico e
elevada força mucoadesiva (12619 ± 324 dyne/cm²). Parte do SES ficou retido na mucosa no
ensaio de permeação ex vivo, justificando sua proposição tópica na terapia do câncer de colo
uterino. Finalmente, os ensaios de hemocompatibilidade e da membrana cório-alantóide
(HET-CAM) atestaram em caráter preliminar a biocompatibilidade de ambas as formulações
(filme e hidrogel). Assim, o importante papel da nanoemulsão na melhora do efeito biológico
foi evidenciado e obteve-se formulações nanocompósitas de polissacarídeos naturais com as propriedades desejadas para aplicação vaginal e caráter promissor para o tratamento da
tricomoníase e do câncer de colo uterino.
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