Migração e fracasso escolar: uma escola colonial no contexto histórico do êxodo agrícola gaúcho (1941 – 2012)
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Date
2023-09-11Primeiro membro da banca
Silva, Fabiana Regina da
Segundo membro da banca
Maraschin, Mariglei Severo
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A partir de análise e comparações estatísticas de Atas de Resultados Finais de uma
escola da localidade de Picada 48 Baixa/RS, constatou-se que havia uma grande
discrepância entre os resultados de rendimento escolar, caracterizados como bom
aproveitamento e fracasso escolar em épocas e públicos distintos, a saber, alunos
de famílias naturais da localidade, de origem alemã e confissão religiosa protestante,
com situação socioeconômica relativamente estável, entre os anos de 1941 e 1981
e, alunos de famílias migrantes, de várias etnias, mas também com predominância
alemã, e variadas confissões religiosas e condições socioeconômicas, entre os anos
de 1982 e 2012. O trabalho teve por objetivo verificar a relação entre os resultados
de aproveitamento escolar e a migração, levando em conta as condições sociais,
culturais e econômicas de cada grupo. Procurou-se, desta forma, verificar se, dentro
desta conjuntura de migração, o fracasso escolar dizia respeito igualmente a
características supostamente intrínsecas aos alunos ou era produto de uma lógica
capitalista e elitista de reprodução de classes. Sendo pesquisa de caráter históricodescritiva, o referencial teórico partiu do materialismo histórico dialético, apoiando-se
igualmente na conceituação de capital cultural, habitus e ethos de Bourdieu e
Passeron. No que diz respeito aos processos de condicionamento escolar, serviu
como ferramenta de apoio a gênese da disciplina a partir das conceituações de
Foucault. A metodologia aplicada baseou-se nos métodos quantitativos, uma vez
que a pesquisa utilizou dados coligidos em Atas de Resultados Finais e revisão
bibliográfica e, qualitativos, através de questionários escritos com ex-diretores e
questionários on-line com ex-alunos, e estudo e análise de documentos (fichas de
matrículas, cadernos de chamadas, etc). O texto foi organizado, sistematicamente,
em duas partes: a primeira refere-se à História da Educação no Brasil e no Rio
Grande do Sul, procurando mostrar de que forma, desde os primórdios, a educação
fora engendrada a fim de atender apenas uma parcela privilegiada da elite, ao passo
que, a grande maioria da população via-se privada de ensino e, o surgimento de
uma série de teorias que justificassem o fracasso educacional desse povo. Analisouse a importância e legado dos imigrantes alemães no que concerne à educação para
a história gaúcha. A segunda parte refere-se à pesquisa e análise dos dados
coletados na escola estudada. Conclusivamente, constatou-se que de fato a
migração, inserida dentro de uma economia capitalista e excludente, influenciou nas
taxas de fracasso escolar, no sentido de obrigar alunos a colocar as necessidades
materiais em primeiro lugar dentro de suas prioridades, relegando à educação um
papel secundário, porém, sem perder seu ethos, o qual se perpetuou através da
valorização e habitus da escola e da ética do trabalho.
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