Formas de luta e engajamento sindical durante a pandemia de covid-19: “quando se devia dar preferência à vida, os banqueiros deram preferência ao lucro”
Visualizar/ Abrir
Data
2023-10-20Primeiro membro da banca
Ferreira, Laura Senna
Segundo membro da banca
Santos, Flávia Medeiros
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pandemia do COVID-19 e o tempo imprevisto de distanciamento social impuseram muitas
limitações e transformações à atuação política e reivindicatória do movimento sindical, onde a
proteção à saúde e a vida tornaram-se pautas centrais do ativismo. Esta dissertação buscou
compreender as lógicas do engajamento militante de dirigentes sindicais no contexto da
pandemia do COVID-19 (2020-2022). O objetivo de compreender as economias morais
colocadas em jogo perante o risco da perda de vida e os repertórios de mobilização utilizados
pelo movimento sindical bancário para levar a frente a ação sindical habitual dentro de um
contexto com novas demandas e desafios. Ademais, procurou-se explicar o processo de
engajamento de dirigentes sindicais locais e a organização sindical bancária a nível nacional,
bem como as categorias nativas que expressam tal engajamento e atuação. Compreender como
atuaram os dirigentes sindicais em termos de repertórios de mobilização e de economias morais
voltadas a proteção a vida e a saúde dos trabalhadores, no contexto da pandemia. Parte-se de
um campo de pesquisa etnográfica realizada desde 2020 junto aos dirigentes sindicais do
interior do Rio Grande do Sul, com coleta de dados realizada por meio de observações,
entrevistas, questionário e documentos coletados em redes sociais. Identificou-se as categorias
chaves de pertença, mobilização, de reconhecimento, de atributo e crítica como “luta” e “lutar”,
“participar”, “direitos”, “política” e “democracia”. Compreendeu-se que as formas de
organização da categoria denotam formas de negociação e mobilização, mas também esferas
de sociabilidade que retificam a pertença ao grupo, pois a coexistência entre a Estrutura Formal
e Informal do sindicalismo bancário, evidenciada a partir de “corrente sindical”, “campo
político”, “tendência”, “movimento”, dão características de heterogeneidade, fluidez, e em certa
medida, conflitualidade fazendo com que a estrutura se torne altamente instável; além de
simbolizar distintos modelos de pensar o sindicalismo. Por fim, ao analisar as políticas da vida
colocadas em prática por governos, entidades bancários e sindicalismo, no contexto da
pandemia, evidenciou-se que enquanto as ações e omissões governamentais e dos bancos
colocou, deliberada e conscientemente, em risco a vida e a saúde dos trabalhadores bancários,
ao priorizarem a dimensão econômica a proteção da vida humana, e ao instituírem uma “política
sobre a vida”, que normatizou e normalizou a atuação profissional mesmo em um contexto de
risco; por outro lado, o sindicalismo bancário ao negociar e fiscalizar o cumprimento de
protocolos de biossegurança, e ao mobilizar e disputar a inclusão dos trabalhadores bancários
como prioridade da vacinação praticou uma “política pela vida”, que coloca em destaque a
proteção da vida em seu sentido biológico. Conclui-se que ao agirem assim, os atores sociais
procederam de eleições morais, que definem quem deve viver e em nome de que, e em um
limite extremo definem políticas que ensejam um poder que joga os corpos para a morte, limite
este que a exploração capitalista não escrúpulos em transcender.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: