A prática da audiodescrição na #pracegover: uma leitura discursiva de textos veiculados no Facebook
Fecha
2020-08-26Autor
Silva, Isabel Cristina Motta da
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Em nosso trabalho buscamos discutir discursivamente a prática da audiodescrição, enquanto
ferramenta social, em posição de promoção da acessibilidade e da inclusão para sujeitos com
deficiência visual, no intuito de compreender como a prática da audiodescrição está constituída
historicamente e é discursivizada nas mídias digitais da atualidade. Mais especificamente,
objetivamos dar visibilidade ao funcionamento discursivo dos textos audiodescritivos que,
como constitutivos de uma engrenagem de manuseio social em espaços de comunicação digital
da contemporaneidade, não podem ser transparentes e ressoam sentidos já existentes. Para
tanto, filiamo-nos à Análise de Discurso, tal como foi pensada por Michel Pêcheux, cujos
desdobramentos no Brasil estão nos trabalhos de Eni Orlandi (1988; 2007; 2008; 2009); e
recorremos a dispositivos conceituais, tais como discurso, ideologia, formação discursiva,
condições de produção e gesto de interpretação para procedermos a uma leitura discursiva da
Audiodescrição em espaços digitais de circulação de sentidos. Para definirmos a audiodescrição
e teorizarmos sobre sua prática, recorremos aos trabalhos de Joel Snyder (2017); Francisco
Lima (2009; 2010; 2012); Lívia Motta (2010; 2011; 2012) e Bel Machado (2011), bem como a
suas diretrizes normativas no mundo e no Brasil. Nosso corpus de análise é constituído por
textualidades da hashtag + pra cego ver postas em circulação nas páginas do Facebook das
marcas Natura e O Boticário, em 2019. A partir do modo como tais textos estão formulados,
recortamos algumas marcas discursivas, para darmos visibilidade à relação entre os ditos e os
não ditos que significam e como tal relação deflagra sentidos estereotipados e padrões repetidos
sobre o corpo e sobre a mulher que são silenciados para o leitor com deficiência visual. Em
nossas análises, trabalhamos com três recortes de anúncios e repensamos, a partir deles, a
relação da prática da Audiodescrição e suas diretrizes, que regulam os dizeres, com a forma
como as empresas/marcas estão (re)produzindo discursos sob a premissa da objetividade, da
neutralidade e do texto acessível, para fazerem circular sentidos e se inserirem na discursividade
do politicamente correto.