Enunciado: um contraponto entre os conceitos benvenistianos e bakhtinianos
Resumen
Este estudo se propõe a discorrer sobre os conceitos de enunciado elaborados por
Émile Benveniste e Mikhail Bakhtin, a fim de elencar diferenças e aproximações e de analisar
se seria possível, tendo em vista o conceito de enunciado bakhtiniano, a classificação de
enunciados em tipos, como faz Benveniste. A hipótese inicial, de que tal classificação,
levando-se em conta os aspectos da linguagem dos quais se ocupa o Círculo de Bakhtin e o
próprio conceito de língua elaborado por este, não se faz pertinente foi confirmada a partir da
análise do corpus deste estudo, formado por tirinhas do cartunista Mauricio de Souza.
Enquanto que, para Benveniste, o fato de os enunciados serem caracterizados como atos e, por
isso, únicos é algo que só se aplica aos enunciados classificados pelo teórico como
performativos; para Bakhtin, uma vez que todo enunciado tem a característica de unicidade e,
por conseguinte, de singularidade, não é possível conceber um enunciado que seja repetível.
Logo, para o pensador russo, qualquer enunciado é um ato e, portanto, refere-se a uma
realidade que ele mesmo constitui.