Tendência temporal de acidentes e inferências sobre a segurança do trabalho na colheita e extração florestal - Um estudo de caso na região Sul do Brasil
Resumen
As formas de manejo e de planejamento da colheita florestal devem estar aliadas não somente com as decisões estratégicas que asseguram os maiores índices de produtividade florestal, mas também, e sobretudo, com o comprometimento da saúde e da integridade física dos trabalhadores florestais. O presente estudo teve por objetivo principal avaliar os acidentes de trabalho ocorridos e registrados em atividades operacionais em florestas plantadas na região Sul do Brasil, entre os anos de 2018 e 2022, empregando métodos de origem qualitativa e quantitativa, ambos através da criação de uma base de dados históricos em portais governamentais, que regulam e divulgam a legislação trabalhista vigente no país. Para isso, foi implementada uma dinâmica de compilação de dados, análise temporal e interpretação de dados estatísticos da Previdência Social e do Instituto Nacional do Seguro Social brasileiro (INSS), órgãos da administração pública federal com embasamento legal de normas vigentes, referente às comunicações oficiais de acidentes de trabalho geradas nas atividades de colheita florestal em florestal plantadas da região Sul. Foram classificadas as cinco ocupações principais de trabalho florestal e a respectiva identificação dos tipos de acidentes de trabalho (com ou sem óbito), assim ordenadas pela Classificação Brasileira de Ocupação (CBO): operador de motosserra (6321-20), trabalhador de extração florestal, em geral (6321-25), operador de colhedor florestal (6420-05), operador de máquinas florestais estáticas (6420-10) e operador de Trator Florestal (6420-15). Ao final da análise anual e temporal dos dados foi possível constatar a ocorrência de 643 acidentes de trabalho na colheita florestal, e que 43,4% desse total foi registrado no estado do Rio Grande do Sul (RS), seguido por 30,5% e 26,1% nos estados do Paraná (PR) e Santa Catarina (SC), respectivamente. Em toda a região Sul o tipo de acidente mais frequente foi com operadores de motosserra e operadores envolvidos na extração de madeira durante a colheita. Embora o RS tenha registrado o maior número de acidentes (279), os acidentes com operadores de motosserra (CBO 6321-20) foram mais frequentes em SC (46,3%) e no PR (36,6%), inclusive com três e dois óbitos, respectivamente, nestes estados, enquanto no RS (10,9%) nenhum acidente tenha sido registrado como fatal. De um modo geral, o maior número de acidentes assumiu a tendência de ocorrência com trabalhadores cuja ocupação esteve atrelada às atividades de extração da madeira da floresta, com 61,1% do total de acidentes ocorridos na região Sul do Brasil. Diante do exposto, torna-se evidente a necessidade contínua de ações voltadas ao treinamento e reciclagem de procedimentos operacionais na colheita e extração florestal, que possam, a curto prazo, minimizar cada perigo identificado, assegurando a saúde e a segurança dos trabalhadores florestais.
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