Os usos de testemunhos no documentário Flores do cárcere: narrativas de ex-presidiárias entre o tempo do cárcere e o tempo de liberdade
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Data
2023-10-26Primeiro membro da banca
Sarmento-Pantoja, Carlos Augusto Nascimento
Segundo membro da banca
Dalmolin, Aline Roes
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta pesquisa propõe analisar o documentário Flores do Cárcere (2019), produzido por Bárbara
Cunha e Paulo Caldas. O filme aborda as memórias de um grupo de ex-presidiárias da Cadeia
Pública Feminina de Santos, no estado de São Paulo. Num primeiro momento, seis mulheres
retornam ao antigo local da cadeia para resgatar as lembranças e compartilhar com a câmera
suas experiências enquanto no encarceramento – destas, uma atriz. Finda esta parte, o longametragem aborda questões relacionadas à vida atual em liberdade, os desafios da
ressocialização e sonhos para o futuro. Esta, porém, não é a primeira vez que as protagonistas
testemunharam sobre o cárcere. Durante o cumprimento de suas penas, em 2005, conheceram
e conviveram com Flavia Ribeiro de Castro, professora voluntária que atuou por um período na
cadeia e desenvolveu uma série de atividades sociais. Motivada pelas trocas que teve com
aquelas mulheres, publicou em 2011 um livro a fim de registrar a experiência e compartilhar as
histórias que ouviu. No livro, o acesso às vivências das presas é através da voz narrativa de
Castro. No filme, por outro lado, as responsáveis pela apresentação das histórias são as próprias
mulheres. Entre a publicação do livro e o lançamento do filme há um lapso temporal de 12 anos,
sendo este o ponto que desperta a atenção para a pesquisa. O tempo presente e o tempo
recordado são abordados de formas distintas. Nota-se um movimento cíclico: enquanto presas
as mulheres recordam o tempo de liberdade e enquanto livres recordam o tempo de cárcere.
Tais diferenças dos movimentos foram definidas como categorias analíticas, sendo um norte
para observar como o filme lidou com os testemunhos em suas condições de produção. Diante
deste contexto, coloca-se como objetivo geral compreender como o documentário faz uso dos
testemunhos das mulheres ex-presidiárias articulando o tempo do cárcere e o tempo de
liberdade. Para embasar a jornada, buscou-se organizar uma base teórica a partir da
aproximação entre os autores Aleida Assmann (2011), Paul Ricoeur (2007), Jeanne Marie
Gagnebin (2006), Márcio Seligmann-Silva (2003 e 2010), Bethania Mariani (2016 e 2021) e
Augusto Sarmento-Pantoja (2016 e 2019) para pautar concepções sobre memória, recordação e
testemunho. Para a aplicação metodológica, partiu-se dos princípios da Análise Fílmica. Como
resultado, sinaliza-se a maneira como o documentário trabalhou cada tempo e,
consequentemente, de que forma isso se refletiu no exercício de rememoração feito pelas
mulheres e a expressão de suas memórias e identidades no filme.
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