A alfabetização no contexto pós-pandêmico: reflexões com professoras dos 1º aos 3º anos de escolas municipais em Santa Maria/RS
Resumo
Este estudo refere-se ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e busca analisar os
desafios que estão sendo vivenciados pelas professoras do ciclo da alfabetização de duas escolas
da rede municipal de ensino de Santa Maria no período de dois anos após isolamento social. Para
o embasamento teórico utilizamos Goulart (2004), Teberosky (1999), Ferreiro (1999) e Mortatti
(2004). A metodologia de pesquisa caracteriza-se em um estudo qualitativo, por meio de
entrevistas. A partir desta abordagem, busca-se obter maior familiaridade com o fenômeno de
estudo e como estratégia de pesquisa. O objetivo geral foi a compreensão de processos que
envolvem a organização do trabalho pedagógico na alfabetização inicial, sendo assim, do 1º ano
ao 3º ano. Nos objetivos específicos focou-se em: identificar estratégias pedagógicas adotadas nas
turmas do ciclo de alfabetização para o desenvolvimento das atividades de leitura e escrita;
identificar como a organização dos grupos de crianças foi pensada para favorecer a aprendizagem
da leitura e escrita; reconhecer os desafios enfrentados pelas docentes para trabalhar em defasagens
de aprendizagem idade/série. Com esse estudo, foi possível elencar reflexões acerca dos desafios
que as docentes enfrentaram pós-isolamento em sala de aula. No processo interpretativo partiu-se
da categoria de construção da leitura e da escrita no ciclo da alfabetização que se desdobra em
duas dimensões: organização do trabalho pedagógico e defasagem idade ano. A partir das
dimensões definidas entrevistamos professoras de duas escolas. Uma delas com menos
vulnerabilidade social, onde os alunos conseguiram alfabetizar-se mesmo com as adversidades, e
na outra com mais vulnerabilidade social, onde os alunos enfrentaram maiores limitações no
processo de aprendizagem. As professoras lutaram para diariamente para conseguirem minimizar
os impactos da falta de vivências escolares no período de isolamento destes estudantes e seus
familiares, o que acarretou em defasagens. Outras questões também foram acentuadas, como o
desnivelamento das turmas, a falta de recursos disponibilizados, a relação de família com a escola,
além da necessidade de pensar metodologias voltadas ao lúdico, e o brincar no ciclo da
alfabetização. Por fim, houve um destaque acerca da reprovação de estudantes do terceiro ano, que
não superaram as defasagens vividas durante a pandemia o que preocupou bastante as professoras,
tendo em vista, que a falta de experiências escolares ocasionou essa circunstância, recaindo sobre
as crianças a responsabilidade sobre suas aprendizagens