Sucessão geracional no meio rural: percepção dos filhos em relação aos estilos parentais
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Data
2024-02-27Primeiro membro da banca
Lago, Adriano
Segundo membro da banca
Vargas, Daiane Loreto de
Terceiro membro da banca
Viana, Joao Garibaldi Almeida
Quarto membro da banca
Breitenbach, Raquel
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A sucessão geracional refere-se a um processo multifacetado, demonstrando que distintos são os fatores que podem influenciar positivamente ou negativamente na escolha dos potenciais sucessores. Tais fatores envolvem desde aspectos estruturais das propriedades e do meio rural até aspectos familiares e emocionais, sendo estes últimos recorrentes em contextos distintos, em larga medida porque a falta de diálogo entre os pais e os potenciais sucessores pode influenciar negativamente na sucessão geracional. Uma abordagem, ainda não estudada que pode auxiliar na compreensão destes processos é a abordagem dos estilos parentais. O conceito de estilos parentais diz respeito a um conjunto de atitudes presentes nas relações entre pais e filhos. Trata-se de uma tipologia proposta inicialmente por Baumrind (1966) que tem sido amplamente estudada, sobretudo no campo da psicologia. A autora desenvolveu um modelo, onde define três estilos parentais principais: o autoritário, o autoritativo e o permissivo. Posteriormente, Maccoby e Martin (1983) reorganizaram esta classificação por meio das dimensões de Exigência (demandingness) e Responsividade (responsiveness), desmembrando o estilo permissivo em indulgente e negligente. Neste sentido, os estilos parentais passaram a ser classificados de acordo com estas duas dimensões. Passando a ser identificados e sistematizados como autoritário, autoritativo, indulgente e negligente. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre a sucessão geracional no meio rural e os estilos parentais. Para atender o objetivo proposto foi realizado um estudo com 252 potenciais sucessores do estado do Rio Grande do Sul. Para atingir os respondentes foi utilizado o método snowball sampling que possibilita que a amostra seja criada por pessoas que compartilham ou sabem de outras pessoas que possuam as características definidas para a aplicação do questionário. Para constituição da amostra, foram adotadas as recomendações de Hair et al. (2009) que recomenda que o pesquisador considere pelo menos cinco vezes o número de observações mediante um item a ser avaliado. O instrumento de coleta de dados foi composto por questões abertas e fechadas e constituído por três partes: I) Questões relacionadas a variáveis sociodemográficas do potencial sucessor e das propriedades rurais; II) Questões relacionadas à sucessão geracional e III) Questões relacionadas aos estilos parentais. Este terceiro instrumento foi desenvolvido, testado e validado. Posteriormente a coleta de dados, procedeu-se com a organização e análise dos dados. Utilizou-se do IBM Software Statistical Package for Social Science (SPSS), SAS Analytics Software e Microsoft Excel. Os resultados obtidos por meio do Alpha de Croanbach atestaram a validade do instrumento de percepção dos potenciais sucessores em relação aos estilos parentais. Além disso, constatou-se entre os respondentes que a maior parte percebe seus pais como autoritativos (40,08%) e indulgentes (36,90%). A análise baseada no modelo de regressão logística ordinal demonstrou ainda que as variáveis sexo do potencial sucessor, idade do pai, horas dedicadas as atividades da propriedade, socialização/inserção nas atividades agropecuárias e estilo parental foram significativas considerando a chance de o entrevistado responder valores maiores de escore sobre se considerar um sucessor. Em relação aos estilos parentais, as diferenças foram observadas entre o estilo autoritativo vs. estilo autoritário com 4,321 vezes mais chance de valores maiores de escore para o autoritativo. Foram também encontrados valores significativos entre o estilo autoritário vs. estilo indulgente com 83% menos chance de valores maiores de escore para o autoritário. Por fim, a análise multivariada, possibilitou identificar 14 variáveis responsáveis pela diferenciação dos quatro estilos parentais.
Sendo elas, quatro relacionadas a dimensão Exigência e seis relacionadas a Responsividade. Além destas, outras quatro variáveis foram significativas na diferenciação entre os grupos, dentre elas, o diálogo com os pais, a idade do potencial sucessor, o incentivo e reconhecimento em relação a ser agricultor e o tempo de experiência nas atividades agropecuárias. Observou-se ainda que a variável “E5- Exigia que eu participasse das atividades agropecuárias sem ter participação nas rendas” é a variável mais importante para diferenciar os grupos. Além disso, os estilos parentais autoritativo e indulgente tem alta relação com respondentes do sexo masculino. Enquanto, o estilo autoritário está associado ao sexo feminino e respondentes com ensino superior. Outro aspecto é que predominantemente os estilos parentais autoritativo e indulgente possuem características mais semelhantes entre si, bem como os estilos autoritário e negligente possuem também maiores similaridades. Conclui-se de modo geral, que dentre os potenciais sucessores, o estilo parental autoritativo está relacionado a maior probabilidade de sucessão geracional nas propriedades rurais. Entretanto, outras variáveis sociodemográficas são importantes e também influenciam nestes processos.
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