Distribuição espacial e temporal de percevejos da soja e comportamento de Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) (Hemiptera: Pentatomidae) na soja (Glycine max (L.) Merrill) ao longo do dia
Abstract
De dezembro de 2006 a abril de 2008 foi conduzido um experimento na Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil, com o objetivo de verificar a distribuição espacial e temporal de percevejos da soja, através de levantamento georreferenciado. As amostragens foram
realizadas em uma área de 6,64 hectares de soja (Glycine max (L.) Merrill) dividida em uma grade amostral com 105 pontos, espaçados em 25 x 25 m. A colonização da lavoura ocorreu no período vegetativo da soja, a partir das bordas adjacentes a lavouras de soja precoce e girassol, pela entrada de percevejos adultos destes cultivos do entorno para a área georreferenciada, em função da semeadura tardia. Desde o início do enchimento de grãos até o enchimento pleno de grãos, a tendência de aumento populacional de percevejos pelas bordas foi mantida. Na safra 2007/08, devido a semeadura ter sido realizada na época recomendada, a distribuição espacial dos percevejos começou simultaneamente em vários pontos na lavoura e não apresentou clara influência da entrada de adultos de outras áreas. Em ambas as safras o aumento das populações
ocorreu a partir da formação de legumes e do início do enchimento de grãos e a abundância de espécies e seus picos populacionais variaram de uma safra para outra. Durante todo o período de entressafra, verificou-se a presença de percevejos na área, abrigados na palhada sobre o solo e
alimentando-se de grãos caídos na colheita, ou em plantas hospedeiras alternativas como Raphanus sp. Com o objetivo de estudar o comportamento de ninfas e adultos de Piezodorus
guildinii (Westwood, 1837) (Hemiptera: Pentatomidae) ao longo do dia em soja, foi conduzido um experimento na Universidade Federal de Santa Maria, de abril a maio de 2007. O delineamento experimental foi um fatorial de quarta ordem em blocos ao acaso (24x3x3x3) (horários x distribuição x localização x comportamentos), com cinco repetições. Os percevejos foram observados de hora em hora, por 24 horas. Registrou-se a sua distribuição nas plantas (terço
superior, médio e inferior), a sua localização nos órgãos (legumes, folhas e HRPR haste, ramo, pecíolo ou racemo) e o seu comportamento (repouso, movimento e atividade alimentar). Durante o primeiro e segundo ínstares, as ninfas apresentaram hábito gregário, e uma pequena percentagem de ninfas em movimento em torno da postura. As ninfas começaram a alimentar-se no segundo ínstar, e tornaram-se mais ativas a partir do terceiro ínstar, movimentando-se não só a pequenas distâncias entre órgãos próximos, mas distribuindo-se pelos terços da planta, e alimentando-se mais regularmente. Os horários de movimento foram próximos e antecedentes aos horários de atividade alimentar, e do anoitecer, indicando a procura por locais para alimentação ou
abrigo. Ninfas e adultos de P. guildinii localizaram-se preferencialmente em legumes, os quais estão associados aos comportamentos de repouso e atividade alimentar. No período noturno, com a temperatura do ar mais baixa que no período diurno, ninfas de P. guildinii se localizaram em hastes circundadas por legumes, em função da busca por locais abrigados. A percentagem de P. guildinii em atividade alimentar aumentou de 7,37% do segundo ao quarto ínstar para 16,92% no quinto ínstar, e 34,77% na fase adulta. P. guildinii permaneceu, preferencialmente, no terço médio
das plantas ao longo do dia, não apresentando um comportamento claro de distribuição no terço
superior das plantas em intervalos de horários definidos. Desta forma, não devem ser indicadas faixas de horário ideais para a aplicação de inseticidas para seu controle.