A vitrine da ciência pela perspectiva da agência Bori: uma análise de estratégias de divulgação tecnocientíficas por meio do jornalismo
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Data
2024-04-15Primeiro membro da banca
Oliveira, Thaiane Moreira de
Segundo membro da banca
Silva, Marina Ramalho e
Metadata
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Analisamos, nesta dissertação, relações estabelecidas entre o jornalismo e a ciência em um
contexto marcado por desafios à divulgação científica que, apesar de terem raízes antigas,
ficaram sobressalentes com a pandemia de Covid-19 e o cenário de desorientação cognitiva
que se instaurou em torno da dinâmica científica da contemporaneidade (COSTA, 2020;
ECHEVERRÍA, 2003; INNERARITY, 2022; NOWOTNY, 2005; OLIVEIRA, 2020, 2022).
Como objeto de estudo, temos a Agência Bori - uma iniciativa inédita no Brasil, que surgiu
com a missão de promover uma mudança na cultura científica do país (RIGHETTI et al.,
2022) e atua, desde 2020, disseminando estudos científicos em vias de publicação para pautar
a imprensa nacional por meio do contato com jornalistas cadastrados em uma plataforma
online. Levando em consideração que a Bori se define como uma espécie de vitrine da
ciência nacional (RIGHETTI et al., 2022), questionamos: como é atribuída visibilidade à
ciência pela perspectiva de divulgação científica da Agência Bori? Para responder a esse
problema de pesquisa, traçamos como objetivo geral compreender as estratégias adotadas
pela Agência Bori para atender à sua proposta de qualificar a conexão entre a ciência e a
sociedade por meio do jornalismo. Como objetivos específicos, delimitamos: 1) identificar
qual tipo de ciência recebe relevância para a Bori; 2) identificar qual perfil de cientista recebe
relevância para a Bori; 3) investigar a relação da Bori com seus parceiros e apoiadores; 4)
analisar como a Bori apresenta o debate científico para a sociedade. Metodologicamente,
fizemos uma investigação de textos produzidos pela Bori em 2022, com a aplicação de um
protocolo analítico - baseado na Análise de Conteúdo (AC) de Bardin (2016) - inspirado no
Protocolo Ibero-Americano de Capacitação e Monitoramento em Jornalismo Científico
(RAMALHO et al., 2012); a partir dos resultados encontrados, levantamos dados para formar
um perfil de pesquisadores acionados como fontes jornalísticas pela Bori; com base em
informações disponibilizadas no site da Bori e em artigo científico escrito por integrantes da
equipe (RIGHETTI et al., 2022), fizemos uma análise editorial da Instituição; e, ainda,
aplicamos uma entrevista com a gerente de conteúdo da Agência. Como resultado, inferimos
que a “vitrine científica” que a Bori se propõe a montar tem a finalidade de fortalecer a
ciência brasileira, enaltecendo descobertas importantes para o ecossistema local. Na
abordagem dada pela Agência à divulgação científica, porém, onde critérios de assessoria de
imprensa se misturam com valores jornalísticos, ficam obscurecidas incertezas, controvérsias,
riscos, financiamentos e outras mediações intrínsecas ao desenvolvimento científico, o que
inviabiliza que uma concepção crítica de ciência seja levada ao debate público. Ao atender às
demandas de instituições que apoiam financeiramente seu trabalho, a Bori atribui visibilidade
à ciência por uma perspectiva tecnocientífica, ao passo que os valores econômicos se
misturam e, por vezes, sobressaem-se face aos epistêmicos, fazendo com que sejam
instrumentalizadas, pela Agência Bori, estratégias de comunicação que se colocam a serviço
do marketing das tecnociências.
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