Discinesia orofacial induzida por haloperidol em roedores: efeito do tempo de tratamento em marcadores e moduladores dopaminérgicos
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Data
2023-08-11Primeiro membro da banca
Bortolatto, Cristiani Folharini
Segundo membro da banca
Rosemberg, Denis Broock
Terceiro membro da banca
Bochi, Guilherme Vargas
Quarto membro da banca
Spanevello, Roselia Maria
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O uso crônico de antipsicóticos está associado ao desenvolvimento de efeitos adversos extrapiramidais, como a discinesia tardia (DT). A discinesia orofacial (DO), a qual é caracterizada pela manifestação dos movimentos de mascar no vazio (MMV) induzidos por antipsicóticos, é um modelo experimental para pesquisar a DT. Assim como em humanos, cuja prevalência de DT é de 25,3%, nem todos os animais desenvolvem DO. Compreender os mecanismos pelos quais os animais “resistem” ao desenvolvimento da DO contribuirá para a melhor compreensão da fisiopatologia da DT, assim como, para o desenvolvimento de fármacos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi investigar se alterações em moduladores e marcadores dopaminérgicos na via dopaminérgica nigroestriatal estão envolvidos no desenvolvimento ou na resistência ao desenvolvimento de DO. Neste estudo, foi administrado haloperidol (intramuscular, 38 mg/Kg) em ratos a cada 28 dias. Os protocolos experimentais consistiram em três tempos de tratamento: 4, 12 e 24 semanas (1, 3 e 6 administrações, respectivamente). Após 28 dias de cada administração, foi quantificado o número de MMV e, posteriormente, classificou-se os ratos em grupos Baixo MMV (sem discinesia), Alto MMV (com discinesia) e Discinesia Espontânea (DE, apresentaram alto número de MMV antes do tratamento). Então, analisou-se marcadores dopaminérgicos (níveis de dopamina (DA), atividade da monoamina oxidase (MAO), imunorreatividades da tirosina hidroxilase (TH), receptor 2 de dopamina (D2) e transportador de dopamina (TDA)) e moduladores (imunorreatividades do glutamato descarboxilase 67 kDa (GAD67) e do receptor 2A de adenosina (A2A)). O haloperidol aumentou o número de MMV em 37,50% dos ratos e reduziu em ratos com DE, que receberam haloperidol (DE-Hal MMV), após quatro semanas de tratamento. Foram encontradas correlações negativas no grupo Alto VCM entre os níveis de DA em estriado ou a atividade da MAO-B com a imunorreatividade da GAD67 na Sn, enquanto encontrou-se correlações positivas no grupo DE-Hal MMV. Após 12 semanas de tratamento intermitente com haloperidol reduziu a atividade da MAO-A na Sn e a imunorreatividade da GAD67 na mesma estrutura. Entretanto, esses efeitos parecem estar somente relacionados ao tratamento e não ao desenvolvimento de MMV. O número de MMV após 24 semanas correlacionou inversamente com a atividade da MAO-A e, também, com a imunorreatividade da GAD67 em estriado de ratos que desenvolveram DO, onde foi encontrada uma prevalência de 50%. O grupo Baixo VCM apresentou correlações negativas entre os níveis de DA ou a imunorreatividade da GAD67 na Sn ambos com a atividade da MAO-A em estriado; e correlações entre as imunorreatividades do receptor D2, TDA e GAD67 em estriado. Esses dados sugerem que os animais, os quais “resistiram” ao desenvolvimento da DO após tratamento com haloperidol, apresentaram uma integração entre marcadores e moduladores dopaminérgicos específicos; e esta integração parece ser dependente do tempo de tratamento.
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