Análise numérica de risco climático de ocorrência de requeima na cultura da batata na região central do Rio Grande do Sul
Abstract
Doenças e ambiente estão intimamente relacionados, especialmente no que se refere à
temperatura e umidade relativa do ar. Os elementos meteorológicos tendem a seguir um
padrão de variação temporal diária, que deriva principalmente da variação diária do balanço
de radiação da superfície. Com base nisso, o objetivo desse trabalho foi descrever qualitativa
e quantitativamente do banco de dados da Estação Meteorológica Automática do Instituto
Nacional de Meteorologia de Santa Maria (INMET), determinar os horários de maior
frequência de ocorrência das temperaturas extremas diárias do ar em Santa Maria,
desenvolver modelos para estimativa dos valores horários de temperatura (T) e umidade
relativa do ar (UR) e determinar o risco de ocorrência de requeima no ciclo de
desenvolvimento da batata, em diferentes datas de plantio. Foram ajustados modelos
analíticos para estimativa da T e da pressão parcial de vapor no ar nos diferentes horários do
dia. A UR foi obtida indiretamente, com base nos valores de pressão parcial de vapor no ar
estimados e nos valores de pressão de saturação de vapor no ar, calculados com base na T
estimada. O banco de dados da Estação Climatológica Principal de Santa Maria foi
transformado em um banco de dados horários estimados de T e UR e foram obtidos os valores
de severidade calculada (VSC) pelo sistema Blitecast em 14 datas de plantio da batata em 43
anos agrícolas. A estação meteorológica automática de Santa Maria, RS, pertencente ao
INMET, apresenta 90,1% dos dias sem falhas de registros de dados em 10 anos, de 2002 a
2011. A temperatura mínima diária do ar em Santa Maria ocorreu com maior frequência às
09 h UTC, correspondendo às 06 h no horário oficial local, nos meses de setembro a
fevereiro. De março até agosto, esse horário é atrasado, sendo a sua ocorrência mais frequente
às 10 h UTC. A precisão das estimativas variou de 0,7 oC a 1,5 oC, com desvio médio de até
0,65oC para T do ar e de 0,7 % a 1,2 %, com desvio médio de até 4 %, para UR, dependendo
do horário. Cultivos de batata no período de safrinha necessitam, em média, de um número
54 % maior de aplicações de fungicida em relação ao período de safra. Na safra o número
mais provável de pulverizações oscila entre duas e quatro e na safrinha entre seis e sete.
Plantios de batata realizados em agosto e em março exigiram um menor custo econômico,
ecológico e de saúde do produtor na proteção da cultura contra a requeima do que plantios
mais precoces (julho e fevereiro).