Memórias sobre o parcelamento dos salários na rede de ensino estadual em Santa Maria
Fecha
2024-04-10Primeiro membro da banca
Borin, Marta Rosa
Segundo membro da banca
Mattos, Renan Santos
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Mostrar el registro completo del ítemResumen
O parcelamento salarial no Rio Grande do Sul foi um momento marcante na memória da
precarização do trabalho docente, portanto investiga-se com o objetivo de compreender as
interpretações e lembranças do Magistério sobre o período 2015-2021. Nesse sentido, em
2015, foi iniciada uma ampla ofensiva neoliberal contra o funcionalismo público gaúcho,
marcada pelo pagamento atrasado e defasado do quadro de servidores do Poder Executivo.
Para acessar essas lembranças e pontos de vista políticos, precisamos lançar mão da
metodologia da História Oral, produzindo fontes orais junto ao professorado, em entrevistas
semi-estruturadas realizadas individualmente. Nosso ponto de vista se apropria em especial
das considerações de Maurice Halbwachs sobre os aspectos coletivos da memória, bem como
das orientações e precauções de Paul Thompson quanto às técnicas de investigação. Além
disso, faz parte de nossa perspectiva teórica a noção de profissionalização, presente no
entendimento de Mariano Fernández Enguita, que resume o processo de convencimento social
visando a valorização da profissão liberal monopolista, como é o caso do professorado e de
suas lutas sindicais. Junto dessa perspectiva, dialogamos com Armando Boito Jr. que elabora
explicações para a ideologia da classe média, seus discursos e consciência de si. Essas teorias
se entrelaçam para entendermos o professorado gaúcho enquanto classe média precarizada.
Nesse sentido, o diálogo com a bibliografia da História da Educação, História e Economia
permitem construir uma noção mais abrangente do que seria a precarização, sem reduzí-la a
algarismos, mas também compreender seu âmbito subjetivo, pesando o desgaste emocional
oriundo da desvalorização social e do esforço docente como levantado pelo Ideb. Além da
literatura acadêmica, contamos com sites de jornais regionais e mídias independentes. Através
desse debate teórico, foi possível analisar a trajetória do Magistério e os discursos produzidos
no momento da entrevista. Após duas entrevistas piloto com um protótipo de questionário,
foram realizadas cinco entrevistas presenciais com professores atuantes na gestão escolar,
escolhidos por seu relativamente fácil contato e disponibilidade. Enfim, os resultados foram
interpretados a partir de alguns personagens mais recorrentes nas falas docentes: (1) a
experiência individual, marcadamente heterogênea a cada caso; (2) o professorado visto como
desunido, dedicado e encurralado; (3) os governos entendidos como neoliberais e
manipuladores; (4) a comunidade, dividida entre quem reconhece a importância da greve e os
ingratos e menos esclarecidos. Assim, o professorado rememora o período da ofensiva
neoliberal contra o funcionalismo estadual, reelaborando suas memórias a partir de elementos
do sindicalismo de classe média, da solidariedade entre os pares e abordagens críticas contra
as supostas pretensões privatistas dos governantes.
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