Quem conta o conto controla o ponto: narrador e pontos de vista em Levantado do chão, Memorial do convento e O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago
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Date
2024-03-19Primeiro membro da banca
Silva, Marisa Corrêa
Segundo membro da banca
Roani, Gerson Luiz
Terceiro membro da banca
Angelini, Paulo Ricardo Kralik
Quarto membro da banca
Santos, Pedro Brum
Metadata
Show full item recordAbstract
Esta tese dedica-se a estudar quatro modos narrativos elementares empregues pelos narradores
e que estão ativamente vinculados à noção de pontos de vista em Levantado do chão (1980),
Memorial do convento (1982) e O ano da morte de Ricardo Reis (1984), do autor português
José Saramago. São eles: a tangencialidade da historiografia oficial para o oficioso e/ou o
ficcional, a sinuosidade discursiva, a empatia e a simpatia, a antipatia e a ironia como métodos
que desencadeiam uma diretriz argumentativa-narrativa do discurso. O foco principal da
pesquisa recai sobre a identidade dos narradores e dos pontos de vista implicados nas narrativas,
sejam eles relacionados aos sujeitos narrantes ou às personagens. A análise estabelecida busca
demonstrar que os narradores dos três romances possuem competências modais de dever, de
poder, de saber, de querer e de fazer. Eles enriquecem o modus operandi narrativo, assumindo,
além da função puramente narrativa, funções ideológicas e testemunhais; manifestam-se os
sujeitos narrantes na primeira função enunciativa, deslocando-se da atemporalidade do nível da
narração para se submeter à temporalidade do nível da narrativa. Por esses “desvios” de
narração, os narradores não podem ser denominados apenas como vozes desencarnadas, não
participantes das histórias, cujas funções atingem exclusivamente o controle de informação no
texto. A complexidade identitária e o modus operandi narrativo desses sujeitos narrantes abriu
espaço para a criação de um novo conceito de narrador, nomeado de narradores
antropologizados. Os narradores antropologizados são criadores de pontos de vista, capazes
de se colocarem no lugar do outro, de sentir empatia, simpatia e antipatia para tecer e convencer
seus leitores. Reforçando vários estudos sobre as posições axiológicas claramente assumidas
pelos narradores saramaguianos, esta pesquisa volta-se, antes, para os mecanismos da narração
e da focalização a fim de demonstrar o modo como tais intenções axiológicas dos narradores
ganham materialidade e funcionalidade na dinâmica discursiva. O estudo foi segmentado em
cinco partes, investigando, respectivamente, quatro modos narrativos utilizados pelos
narradores: a tangencialidade da historiografia oficial para o oficioso e/ou o ficcional, analisada
no capítulo 3; a sinuosidade discursiva, explorada no subcapítulo 3.1; a empatia e a simpatia
como modo argumentativo-narrativo, estudada no capítulo 4; a antipatia e a ironia como uma
arenga argumentativa travada pelos narradores, enfocada no capítulo 5. Para o amparo teórico
dos seis capítulos, utilizou-se como principais bases Genette (1995), Landa (1998), Hutcheon
(2000), Rabatel (2014 e 2016) e Bal (2021).
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