Violência em dose dupla: a circulação do caso Klara Castanho no Facebook
Abstract
Em 25 de junho de 2022, Klara Castanho revelou publicamente ter sido vítima de estupro, engravidado e decidido dar à luz, entregando a criança para adoção. A atriz esclareceu que essa história veio a público não por escolha própria, mas devido à divulgação de informações pela apresentadora Antonia Fontenelle e pelo jornalista Léo Dias, este último que, posteriormente, publicou dados confidenciais sobre a internação da atriz e da criança. Isso desencadeou uma onda de comentários, julgamentos e questionamentos em relação à decisão de Klara Castanho de entregar a criança para adoção e à escolha de uma mulher de não prosseguir com a maternidade. Desse caso midiatizado (WESCHENFELDER, 2019; 2020), surge esta pesquisa, que tem como objetivo geral analisar como o caso Klara Castanho circulou na rede social midiática (CARLÓN, 2021) Facebook a partir das principais publicações sobre o ocorrido. Para isso, foram articulados os conceitos de circulação e fluxos comunicacionais (BRAGA, 2006; 2012; 2017; FAUSTO NETO, 2010; 2012; 2018) e de celebridade (FRANÇA 2008; 2012; 2014; SIMÕES 2014; 2019). Para análise, foram selecionadas três publicações: do perfil de Klara Castanho, do programa Fantástico e do programa Altas Horas, no Facebook, as quais se inserem em diferentes momentos da circulação sobre o caso e que tiveram seus comentários coletados e, posteriormente, analisados com o uso do software Iramuteq. Por fim, foram realizadas inferências transversais (BRAGA, 2017) acerca dos episódios comunicacionais, relacionando suas semelhanças e diferenças, que indicam que diferentes sentidos são acionados nos comentários e se deslocam para discussões sobre adoção e aborto.