Respiração, voz e qualidade de vida na síndrome pós-Covid-19
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Data
2024-08-06Primeiro coorientador
Cielo, Carla Aparecida
Primeiro membro da banca
Schwarz, Karine
Segundo membro da banca
Chaves, Patrícia Xavier
Terceiro membro da banca
Bastilha, Gabriele Rodrigues
Quarto membro da banca
Albuquerque, Isabella Martins de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A Síndrome Pós-COVID-19 caracteriza-se pela persistência de sintomas semanas ou meses após a doença Coronavírus 2019 (COVID-19), sendo prevalente em 44% a 63% dos indivíduos que internaram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Este estudo observacional, transversal e longitudinal prospectivo, teve como objetivo verificar e relacionar, em diferentes momentos, a função pulmonar, a voz e a qualidade de vida de indivíduos com Síndrome Pós-COVID-19 que internaram na UTI/COVID-19 do Hospital da Universidade Federal de Santa Maria durante a primeira e segunda ondas da doença e foram encaminhados ao Ambulatório de Reabilitação Pós-COVID-19. Os pacientes selecionados foram avaliados a partir dos 30 dias da alta e reavaliados em mais dois momentos, em média a cada quatro meses. Realizou-se anamnese, triagem audiológica e videolaringoscopia. A função pulmonar foi avaliada pelo grau de dispneia, espirometria, manovacuometria e distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6); a voz pelo tempo máximo de fonação (TMF), nível de pressão sonora (NPS), análise vocal perceptivo-auditiva e questionários Índice de Triagem para distúrbio Vocal, Índice de Desvantagem Vocal e Qualidade de Vida em Voz (QVV); e a qualidade de vida pelo 36 - Item Short-Form Health Survey (SF-36). Cento e vinte pacientes foram encaminhados para reabilitação, desses 70 pacientes foram incluídos no estudo da acurácia do TMF para estimar a função pulmonar; 50 incluídos no estudo sobre o risco de disfonia, desvantagem vocal e achados laringológicos; 48 acompanhados longitudinalmente, 45 retornaram no primeiro follow-up e somente 13 no segundo. Os resultados evidenciaram que 24% dos pacientes apresentavam redução na capacidade vital forçada, com valores significativamente reduzidos do TMF da vogal /a/, fricativa /s/, tempo de contagem numérica e número alcançado. Os pontos de corte para comprometimento pulmonar foram 8,83; 7,50; 8,80 segundos, respectivamente, e o número 13 na contagem, com acurácia de 70%. Os sintomas vocais mais relatados entre os 50 pacientes foram garganta seca, pigarro, rouquidão e cansaço ao falar, com risco de disfonia e desvantagem vocal significativo nas mulheres. Os achados laríngeos prevalentes foram o edema e eritema, com associação significativa com a intubação orotraqueal. Os resultados do follow-up evidenciaram que, em média oito meses após a hospitalização, houve significativa redução do grau de dispneia; aumento da força muscular respiratória; distância percorrida no TC6; TMF/a/; NPS habitual e mínimo; com melhores escores de dispneia e TC6 correlacionados com o aumento do TMF/a/. Contudo, o TMF/a/ das mulheres ainda estava reduzido e ambos os sexos apresentavam disfonia persistente de grau leve e moderado. Os domínios do SF-36 função física, limitações por saúde física e emocional e percepção do estado geral de saúde melhoraram, assim como os escores socioemocional e total do QVV. Entretanto, nas mulheres o escore físico do QVV ainda estava reduzido. Os achados desse estudo ajudam a compreender o impacto da COVID-19 grave na função pulmonar, voz e qualidade de vida e sinalizam a disfonia como um sintoma persistente, principalmente entre as mulheres, que deve ser mais investigado. Dessa forma, sugere-se que a reabilitação na Síndrome Pós-COVID-19 deve ser dinâmica, contínua e multidisciplinar.
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