A identidade e a expressão de gênero do paciente podem influenciar a decisão de tratamento do cirurgião dentista?
View/ Open
Date
2024-08-28Primeiro coorientador
Durand, Letícia Brandão
Primeiro membro da banca
Seerig, Lenise Menezes
Segundo membro da banca
Ardenghi, Thiago Machado
Metadata
Show full item recordAbstract
Diferentemente do sexo, que é determinado ao nascimento, o termo gênero tem conotação social e cultural. A identidade de gênero é a autopercepção individual que pode ou não ser congruente ao sexo biológico. Já a expressão de gênero é como a pessoa manifesta essa identidade publicamente. Do ponto de vista da interseccionalidade, os fatores sociais estão todos conectados e são responsáveis por definir a identidade de indivíduos ou grupos. Assim, estudar questões de gênero atualmente implica em elucidar diferentes significados e contextos sociais. O objetivo desse estudo foi verificar se a identidade e a expressão de gênero do paciente podem influenciar a indicação de tratamento odontológico realizada pelo cirurgião dentista. Trata-se de um estudo randomizado em que dentistas de uma cidade do sul do Brasil foram divididos por sorteio em dois grupos e convidados a responder questionários autoaplicados contendo um caso clínico hipotético. A única diferença entre os casos clínicos foi a identidade de gênero da paciente. Um referia-se a uma mulher trans (caso A) e outro a uma mulher cis (caso B). O desfecho do estudo foi o tratamento indicado pelos profissionais para cada cenário apresentado (dente anterior e dente posterior), segundo a identidade de gênero da paciente. Através da Regressão de Poisson com variância robusta determinou-se a razão de prevalência bruta e ajustada e seus respectivos intervalos de confiança a 95% com o uso do SPSS. Participaram do estudo 204 dentistas. Predominaram indicações de tratamentos conservadores para ambos os casos clínicos, porém as covariáveis associadas aos desfechos foram distintas. Para a mulher trans, profissionais mais jovens (RP=2,32; IC95%1,12-4,82) e que tinham espaço específico no prontuário para identificar o nome social (RP=2,38; IC95%1,001-5,65/ RP=1,93; IC95%1,04-3,55) optaram por condutas mais invasivas, enquanto formados em universidades públicas (RP=0,40; IC95%0,17-0,90) optaram por tratamentos mais conservadores. Já para a mulher cis, as decisões mais conservadoras vieram de profissionais do gênero feminino (RP=0,34; IC95% 0,17-0,68), sem vínculo empregatício formal (RP=0,58; IC95%0,34-0,98) e com um curso de especialização (RP=0,27; IC95%0,12-0,60), enquanto atender por convênio (RP=2,16; IC95% 1,21-3,86) e ter recebido treinamento sobre saúde de pessoas trans (RP=2,10; IC95%1,24-3,55/ RP=1,91; IC95%1,24-3,55) foi associado com a indicação de tratamentos mais invasivos. Os fatores associados à indicação de tratamento foram diferentes para as pacientes mulher trans e mulher cis. No entanto, a identidade de gênero parece não ter influenciado a indicação de tratamento dos profissionais.
Collections
The following license files are associated with this item: