Liberação de nitrogênio em diferentes solos e épocas de cultivo sob adubação orgânica
Fecha
2010-04-30Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Os adubos orgânicos promovem melhorias nas propriedades do solo e são importantes no fornecimento equilibrado de nutrientes às plantas. Os parâmetros oficiais adotados pela Comissão de Química e Física do Solo dos Estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina para calcular a quantidade de adubo orgânico, são a sua composição média e o índice de eficiência de liberação dos nutrientes (IELN) frente à demanda de cada sistema de cultivos. Este último indicador está associado essencialmente ao tipo de resíduo, porém os demais fatores que afetam a mineralização não são devidamente considerados, como as condições climáticas e a textura do solo, entre outros. A expectativa do presente trabalho é de que esses fatores sejam especialmente relevantes em regiões de grande variação edafoclimática, como o Sul do Brasil. Assim, os fatores época de plantio e textura do solo foram estudados sob a aplicação de duas fontes orgânicas distintas (dejeto líquido suíno e cama de aves de corte), a campo e em laboratório. O efeito da textura foi discutido numa incubação de três solos contendo 238, 470 e 605 mg argila kg de solo-1, onde se determinou a evolução do N mineral (N-NH4+ + N-NO3-) durante 112 dias e se calculou a mineralização líquida e a % de mineralização do N total e orgânico adicionados. Já o efeito da época de cultivo foi testado a campo em duas sucessões iniciadas com cultura da batata (denominados de cultivos de verão e de inverno), onde se avaliou a produtividade e a ciclagem de nutrientes de três culturas por sistema. Os resultados da incubação mostraram que o tipo de solo afeta a dinâmica do N no solo após a adição de adubos orgânicos. Solos mais argilosos retardam a imobilização e a nitrificação do amônio, independente de se utilizar cama de aves de corte ou dejeto líquido de suínos, contribuindo para diminuir o potencial poluente do N. A mineralização líquida do N foi maior no solo arenoso devido à menor proteção físico-química da sua fração coloidal. Também foi maior com o uso da cama de aves de corte, em todos os solos, em função quantidade de N total adicionado ter sido bem maior em relação ao dejeto de suínos. Os resultados de N disponível às plantas (%NDP) e de mineralização líquida do N no solo (%NminL), com a adição dos adubos orgânicos, sinalizam que o IELN está superestimado em relação ao N que é efetivamente adicionado aos solos, podendo levar à depleção da matéria orgânica do solo a longo prazo. Também se infere que, para solos mais arenosos ou quando se dispõe de dejetos ricos em N disponível, faça-se a aplicação fracionada do N entre o plantio e em cobertura. Nos experimentos de campo, por sua vez, houve diferenças significativas na eficiência de liberação do N nos sistemas de cultivo de verão e de inverno . O efeito imediato foi igual no verão para as fontes cama de aves, dejeto suíno e adubo mineral, mas no cultivo de inverno a fonte mineral foi entre 10 a 20% mais eficiente, demonstrando o efeito da temperatura e da umidade na disponibilização de N nos solos sob adubação orgânica. O efeito residual da cama de aves no segundo cultivo foi inferior ao esperado na comparação com o dejeto suíno e adubo mineral, visto que o índice de eficiência de N seria de 20% para a cama e zero para o dejeto. Porém, foi só no terceiro cultivo que a cama superou o dejeto na produção de matéria seca no cultivo de verão (milho) e de inverno (aveia preta). Por fim, dada a grande diversidade edafoclimática no Sul do Brasil, os resultados apontam que se devem fazer mais estudos e de forma integrada sobre o impacto da época de plantio e tipo de solo para aperfeiçoar os parâmetros de recomendação da adubação orgânica, tornando-a assim mais sustentável.