Diagnóstico e recuperação da mata ciliar da Sanga Lagoão do ouro na microbacia hidrográfica do Vacacaí-Mirim, Santa Maria - RS
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2010-11-12Metadatos
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O uso intensivo e desordenado do solo tem levado muitos ecossistemas à degradação, inclusive os
ciliares que, apesar de serem considerados pela legislação como Áreas de Preservação Permanente,
têm sofrido pressões antrópicas constantes e cada vez maiores, tendo como consequência a sua
degradação. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar os impactos da pressão
antrópica sobre a mata ciliar de um tributário urbano-rural na microbacia hidrográfica do Vacacaímirim,
Santa Maria - RS, visando diagnosticar seu grau de degradação e indicar uma posterior
recuperação. O estudo foi realizado na mata ciliar da Sanga Lagoão do Ouro, tributário de 3ª ordem do
rio Vacacaí-mirim. Sua nascente localiza-se em área urbana, percorrendo várias vilas, o Campus da
UFSM, além de uma extensa área rural. Os solos predominantes classificam-se como: Argissolos
Bruno-Acinzentados, Vermelho-Amarelos e Vermelhos, além de Planossolos Háplicos, sendo estes de
baixa fertilidade natural e bastante suscetíveis a erosão hídrica. Foram realizados estudos de
levantamento da degradação, em 12 parcelas de 300 m2 cada, demarcadas ao longo da margem da
Sanga Lagoão do Ouro, através da coleta das seguintes informações: levantamento florístico de
espécies de ocorrência natural e seu potencial de regeneração, presença de espécies exóticas, avaliação
do banco de sementes do solo em duas épocas de coleta, uso do solo, cobertura do solo em nível de
superfície e de copada e levantamento da erosão (atual e potencial). Foram também avaliadas as
principais propriedades químicas (análise completa de rotina) e físicas (densidade, porosidade, textura
e estrutura) do solo, em cada uma das parcelas. As correlações das características ambientais e
antrópicas com a erosão atual e potencial erosivo foram desdobradas em efeitos diretos e indiretos.
Após avaliação diagnóstica da degradação, procedeu-se com experimento de recuperação do
ecossistema ciliar, através da revegetação com espécies nativas e regeneração natural, além do uso de
bioengenharia de solos para controle da erosão na margem da sanga. O levantamento florístico
mostrou haver degradação da mata ciliar, evidenciada pelo baixo número de espécies nativas, pela má
distribuição das espécies nos diferentes estratos e pela grande presença de espécies exóticas. Possuem
potencial de regeneração natural apenas as espécies que apresentaram maior frequência e que
aparecem nos três estratos florísticos levantados. O banco de sementes do solo também mostrou haver
degradação da mata ciliar, evidenciada pelo baixo número de espécies arbóreas nativas e pelo grande
número de espécies exóticas e herbáceas invasoras. Possuem potencial de regeneração natural via
banco de sementes do solo apenas as espécies arbóreas nativas observadas na avaliação e que
apresentaram maior frequência. Há correlação dos fatores ambientais e antrópicos com a erosão do
solo e com o potencial erosivo. São necessárias intervenções antrópicas na recuperação da mata ciliar
da Sanga Lagoão do Ouro, no que concerne à introdução de espécies que não possuem potencial de
regeneração natural e a obras de bioengenharia de solos nas margens com erosão mais acentuada. As
espécies nativas usadas na recuperação da mata ciliar são adequadas para tal objetivo, apresentando
porcentagem de mortalidade dentro de limites aceitáveis e bom crescimento inicial. A bioengenharia
de solo é uma técnica barata e eficiente no controle da erosão das margens de cursos d água. A
metodologia experimental de recuperação adotada pode ser expandida na microbacia hidrográfica do
Vacacaí-mirim, principalmente nos locais onde as margens da sanga se encontram em estágio
avançado de degradação.