Pelas páginas de Zero Hora, o jornalismo público (des)coberto
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2015-04-09Metadatos
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A presente tese trata sobre a prática do jornalismo público pela mídia impressa. O
contexto midiático do Sul do Brasil é chamado por Guareschi e Ramos (1988) de
fenômeno RBS , onde o jornal Zero Hora se configura como um modelo capitalista de
negócio, tornando-se um forte concorrente no mercado gaúcho de mídia. Agregado a
isso, segundo Faccin (2009) a Rede Brasil Sul (RBS), responsável pela publicação, é,
hoje, a maior rede de mídia no Sul do Brasil, o que a posiciona tanto como detentora do
maior número de veículos de comunicação quanto como uma porta-voz dessa
sociedade. Tendo em vista tal contexto peculiar, adotamos o jornal Zero Hora, do Rio
Grande do Sul, como nosso objeto empírico. A partir de pesquisas de estado da arte,
percebemos que a corrente do jornalismo público recorre em uma diversidade de termos
que ora são utilizados como sinônimos, ora com sutis diferenças, ou, ainda, com uma
variedade de aplicações. Haas (2006), em seu estudo de mapeamento mundial do
jornalismo público, elucida a necessidade do desenvolvimento de estudos que se
dediquem a investigar aprofundadamente suas características e peculiaridades em
diferentes contextos geográficos. Dessa maneira, a questão-problema que norteia esta
tese é: como o jornalismo público se manifesta nas práticas jornalísticas de Zero Hora?
Nesse sentido, nosso intuito geral é estudar as manifestações de jornalismo público em
Zero Hora e, mais especificamente, compreender a dinâmica das práticas jornalísticas
correntes no jornal e identificar o entendimento sobre o jornalismo público por parte dos
jornalistas da redação, assim como da gestão do veículo, e confrontá-las com uma
análise das reportagens da editoria de Notícias. A tese está estruturada teoricamente a
partir de Rosen (1996), Glaser (1999), Traquina (1999; 2003), Silva (2002; 2006) e Nip
(2006). Em segundo momento, tratamos sobre as organizações midiáticas e a produção
jornalística a partir dos estudos de Rodrigues (1990), Esteves (1998), Traquina (1999,
2005), McQuail (2012, 2013) e McCombs (2009). Como estratégia de pesquisa,
adotamos o estudo de caso (YIN, 2005) e utilizamos diferentes técnicas de coletas de
dados, como análise documental, entrevistas estruturadas e semiestruturadas,
observação sistemática não participante (MARCONI; LAKATOS, 2003) e análise das
reportagens a partir de roteiro elaborado pelas pesquisadoras. De forma geral,
identificamos que a cobertura jornalística das campanhas da Fundação Maurício
Sirotsky Sobrinho, assim como o perfil dos jornalistas relacionados diretamente com a
produção da notícia, a abrangência das matérias (local e estadual) e os principais
valores-notícia percebidos se caracterizam como formas de manifestação do jornalismo
público em Zero Hora. Esse cenário mostra que o veículo tem um potencial de
manifestação dessa prática. No entanto, o jornal impõe gates organizacionais à rotina
jornalística diária, tornando seu produto oscilante, em termos de jornalismo público, o
que nos leva a dizer que ele está ora coberto, ora descoberto.