Maturação da via auditiva e aquisição da linguagem em crianças nascidas pré-termo tardio e a termo com e sem risco psíquico
Resumo
Esta tese teve como objetivo avaliar as possíveis relações entre maturação da via
auditiva, aquisição da linguagem e a presença de risco psíquico, em recém-nascidos
prematuros e a termo. Tratou-se de um estudo de coorte, longitudinal, no qual foram
comparadas variáveis ligadas à audição e linguagem de bebês de 0 a 12 meses. A
população da pesquisa foi composta de crianças nascidas pré-termo tardio e a termo,
sem lesão neurológica ou síndrome orgânica evidente. A amostra foi composta de 54
bebês, sendo 17 bebês do grupo de nascidos pré-termo tardio e 37 do grupo de
nascidos a termo do estudo 2 e, 31 bebês compuseram o grupo sem risco e 23 bebês
com risco psíquico no estudo 3. As famílias passaram por entrevistas inicial e
continuada para coleta de dados referentes à gestação, nascimento, alimentação, entre
outros. A maturação auditiva foi avaliada por meio da análise dos Potenciais Evocados
Auditivos Corticais no primeiro, sexto e décimo segundo mês. Realizaram-se filmagens
das sessões de coleta, aos 3, 6, 9 e 12 meses, para análise e conferência de alguns dos
protocolos utilizados. Foram utilizados para avaliação do risco psíquico os questionários
IRDIS e PRÈAUT, da aquisição de linguagem os Sinais Enunciativos de Aquisição de
Linguagem, DENVER II e Checklist de Vocabulário. Todos os aspectos foram avaliados
no dia da coleta e confirmados posteriormente por meio das filmagens. Analisando as
avaliações realizadas, observou-se que em todos os grupos houve maturação auditiva
estatisticamente significante. Os bebês nascidos pré-tremo apresentaram maior
maturação do que os nascidos a termo, por apresentar maior latência ao nascimento e
aos 6 meses de vida. Na avaliação dos 12 meses, observou-se equivalência de
resultados. Quanto à linguagem, pôde-se observar que os nascidos pré-termo tardio
tiveram menor desempenho no DENVER II na Fase 4. Em relação aos Sinais
Enunciativos de Aquisição de Linguagem, que avalia a interação mãe-bebê, na fase 1
não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos a favor do grupo de
nascidos a termo como esperado. Quanto ao teste Checklist de Vocabulário, pôde-se
observar que os nascidos a termo apresentaram melhor compreensão de vocabulário
aos 12 meses. Ao analisarmos a maturação auditiva e o risco psíquico, os bebês com
maior risco psíquico também apresentaram latências maiores. Nesta amostra, houve
maior concentração de bebês com risco na Fase I dos IRDIS (42,59%, n=23) e menor
concentração na Fase IV (14,81%, n=8). Na avaliação do PRÈAUT aos 4 meses, 42,59%
(n=23) dos bebês apresentavam risco e aos 9 meses apenas 20,37% (n=11). Por fim,
destaca-se a importância, para a prática clínica, do acompanhamento da maturação auditiva
bem como o desenvolvimento das habilidades auditivas de crianças que evidenciam risco
biológico e/ou ambiental, tais como a prematuridade, sobretudo a extrema assim como o risco
psíquico.