Entre consumidores e internautas: a outra face da crise do ensino médio no Brasil
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2012-08-30Metadatos
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O presente trabalho de doutoramento, vinculado à Linha de Pesquisa Práticas
Escolares e Políticas Públicas do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Federal de Santa Maria, versa sobre a crise do ensino médio brasileiro. Em particular, tem
como objetivo investigar teoricamente o modo como a sociedade de consumo e a cultura da
internet colaboram para a construção de um novo vetor, de âmbito sociocultural, a incidir no
processo em curso de falência da etapa final da educação básica como modalidade de ensino
para jovens e adolescentes. Para tanto, desenvolve-se a tese de que a condição juvenil que
hoje chega às escolas de ensino médio traz consigo disposições comportamentais e
psicológicas que conformam posições estudantis de rejeição pelos saberes docentes e
desinvestimento do ato de aprender. A internet e seus dispositivos, ao terem-se popularizado
na última década, com suas plataformas virtuais de comunicabilidade, blogs, comunidades
virtuais, sites de busca e postagem de arquivos audiovisuais etc., tornou-se um novo suporte
social para o processo de construção de si e, com isso, a subjetividade juvenil passa a
manifestar novos traços comportamentais no contexto escolar, os quais eram inexistentes
antes de sua difusão nos cenários urbanos do país. A seu lado, por sua vez, a escola
contemporânea se encontra hoje inserida em uma forma de organização social, nomeada por
Zygmunt Bauman como sociedade de consumidores, a qual, através de vários recursos
midiáticos, dentre eles a própria internet, institui junto a adolescentes e jovens discursos que
legitimam uma moral do prazer e do entretenimento como signos sociais da boa vida.
Entretanto, os atuais diagnósticos educacionais acerca da crise dessa etapa do ensino no
Brasil, em seus âmbitos políticos, pedagógicos e socioculturais, não apontam a cultura do
consumo e da internet como componentes-chave para a compreensão dos atuais dilemas
vividos entre estudantes e professores. Dessa maneira, a tese propõe, a partir de perspectivas
teóricas educacionais, filosóficas, psicológicas e sociológicas, que a escola média brasileira se
encontra diante de um novo fator de ordem sociocultural a ampliar o espectro de elementos
que originam sua crise. O argumento central reside no potencial subjetivador dos dispositivos
dessas duas culturas, as quais, de modo simultâneo na atual conjuntura sócio-histórica,
colaboram para a produção de uma condição juvenil urbana diante da qual os esforços
docentes têm obtido pouco êxito em suas propostas pedagógicas.