Formação em Educação Especial na UFSM: estratégias e modos de constituir-se professor
Abstract
Esta Tese busca, a partir dos estudos foucautianos e operando com noções de sujeito, discurso e subjetivação, empreender uma análise sobre os processos de formação de professores de Educação Especial do Curso de Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria. Analisar esse curso e aquilo que ele produz têm o sentido de percebê-lo como espaço inédito de formação há mais de 30 anos no país. Nesse sentido, o empreendimento de pesquisa deu-se em analisar como saberes e estratégias operam na ordenação da formação e identificar como a formação vem se ordenando e atravessando os sujeitos tendo como efeito processos de subjetivação de um modo de ser professor de Educação Especial. Os materiais utilizados para empreender a análise foram os projetos de Curso que colocam em funcionamento a formação e fragmentos de narrativas dos acadêmicos do curso, retirados dos Relatórios de Estágio Supervisionados entre os anos de 1990 a 2010. Da análise empreendida, foi possível compreender a Educação Especial como campo de saber que nas condições de possibilidades da modernidade faz emergir o sujeito como objeto de conhecimento em que a ordem de procedimentos para conhecer possibilita operar efeitos sobre ele. A partir da construção de outro modo de pensar o sujeito, foi possível entender a profissionalização como constituição de uma posição em que sujeito se ocupa em constituir a si mesmo dentro de uma rede discursiva que é uma profissão. Para tanto, são acionados na formação saberes selecionados e legitimados que constituem um regime de verdade para a produção de modos de ser sujeito da deficiência e de ser professor de Educação Especial. Ainda, foi possível compreender que esta formação emerge com a possibilidade da institucionalização da Educação Especial em função dos princípios políticos que evocam a Educação de todos e a obrigatoriedade de ensino. As estratégias acionadas pelo Curso na UFSM foram identificadas como acadêmicas ligadas aos saberes e aos modos de conhecer; pedagógicas ligadas aos modos como precisam desenvolver a atividade profissional; e, estratégias de subjetivação ligadas ao modo como cada um produz a experiência de si como sujeito de desejo e sujeito moral para exercer a posição de professor de Educação Especial.