Educar sem corrimões? A formação em tempos de ruptura com a tradição
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2013-04-05Metadatos
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Este trabalho procura analisar o pensamento de Hannah Arendt como elo hermenêutico de compreensão da formação, diante do diagnóstico de ruptura com a tradição. Ao tomar, como pano de fundo, as operações de reviravolta do quadro categórico da tradição, que desestabilizaram os fundamentos rígidos do pensamento, produzindo a crise na educação, lança-se a ideia da atividade de pensar por dessensorialização como um recurso hermenêutico no campo pedagógico. Esse ato implica em contar com a experiência do real, mas não se submeter totalmente a ela; caso contrário, não haveria atividade do pensamento. Esse ocorre no contato e, ao mesmo tempo, no afastamento da experiência. Entretanto, para que haja a dessensorialização, é preciso a invenção pedagógica de contar histórias, por exemplo. Para isso, busca-se recuperar algumas reflexões extraídas, principalmente, de sua obra A Vida do Espírito, concentrando-se na interpretação da proposta de conservação como essência da educação, à luz da metáfora do pensamento sem corrimão. Sob esse horizonte, pergunta-se: de que modo a perspectiva de Hannah Arendt do pensamento preocupado com a conservação do passado ainda pode energizar o espírito da formação na contemporaneidade? Para além da esfera cognitiva dos sentidos direcionados ao conhecer , a ideia da atividade do pensar auxilia no redimensionamento do sentido da educação para um patamar mais compreensivo. Tal cenário também reposiciona as dicotomias das teorias pedagógicas, divididas historicamente entre o apelo à educação nova ou a volta à tradição. Nesse sentido, a formação do professor, para além de se conduzir pela autoridade em nome da disciplina ou pelos interesses dos alunos, orienta-se entre ambas as posições, abrindo, assim, novas possibilidades compreensivas. Ao tornar presente o que se encontra ausente dos sentidos e da experiência, a atividade de pensar por dessensorialização traz à tona, sob a perspectiva da linguagem, o olhar e a voz do estrangeiro tão cara aos processos formativos na imagem do contador de histórias, que convida seus ouvintes a refletir, a ponto de cada um tomar uma posição e iniciar algo novo. Apesar da ruptura da tradição, a inspiração na natalidade dos novos e o compromisso com o amor mundi provocam a educação a sair do confinamento das dicotomias e dos modismos, ocasionado justamente por não escutar a sua voz, em virtude da sua queda. A capacidade de criar possibilidades pela natalidade e pelo amor mundi (re)acende o diálogo entre Filosofia e Educação no horizonte do mundo comum a todos.