Docentes negros: imaginários, territórios e fronteiras no ensino universitário
Resumo
Esta Tese de Doutoramento, intitulada: DOCENTES NEGROS: Imaginários, Territórios e Fronteiras no Ensino Universitário, insere-se no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria (PPGE/UFSM), na linha de pesquisa Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional, sob a égide do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social (GEPEIS). O tema em questão justifica-se pela necessidade de conhecer e ampliar os estudos e pesquisas que envolvem os Docentes Afrodescendentes no Ensino Universitário. O objetivo principal foi pesquisar os Imaginários, Territórios e Fronteiras que envolvem a Docência no Ensino Universitário, no que se refere ao Ensino, à Pesquisa e Extensão desses sujeitos, que vivenciam um duplo lugar: Docente Negro e Pesquisador. A efetivação dos objetivos propostos nesta investigação contou com as contribuições de Bhabha (1998), Balandier (1997), Dubar (1997, 2005), Munanga (1988), Gomes (2010), Domingues (2007) nos estudos culturais; Bosi (1979, 1999) Meihy (2003), Josso (2010) nas histórias de vida; Ferry (1997), Vasconcelos (2000), Nóvoa (1995), e Tardiff (2002) na formação de professores e os estudos do imaginário realizados por Castoriadis (1982, 1987, 1992, 2001, 2002, 2007), a partir de duas dimensões: a social-histórica e a individual. Assim, esta pesquisa busca compreender, através dos imaginários instituído e instituinte, os sentidos construídos pelos docentes negros sobre a docência no Ensino Universitário. Dessa forma, os dados mostram os
Saberes Docentes e os Processos de Formação Profissional nas seguintes categorias: Escolarização (Educação Básica e Estudo e Trabalho), Pessoais (Escolha Profissional, Família, Movimento Negro) e Experiência Profissional (Prática Docente e Pesquisas Desenvolvidas), que, para os coautores, foram as principais instâncias atravessadoras do processo de constituição discursiva de suas identidades profissionais. Neste estudo, utilizei a pesquisa qualitativa, de cunho descritivo, apresentando-se como um estudo de caso que representa uma característica e uma particularidade. Nesse sentido, responde a questões com realidades que não podem ser quantificadas, pois trabalha com um universo amplo de significados, motivos, valores e aspirações. Para realizar o estudo da história de vida, que contém uma complexidade de experiências vividas sobre diferentes circunstâncias, utilizei a metodologia da História Oral, sob o aspecto da História Oral de Vida. A História Oral baseia-se no registro dos fatos ocorridos entre o passado e o presente, ou seja, o passado como fenômeno renovado no presente, num processo contínuo de novas significações. Em seus relatos, foram reveladas questões como: o imaginário instituinte da ampliação da zona fronteiriça da condição de exclusão histórica, da escolarização, e da questão étnico-racial em relação às gerações antecedentes dos docentes negros.