O discurso midiático no âmbito da Operação Lava Jato para consolidação da lawfare: uma abordagem sistêmico-funcional
View/ Open
Date
2025-04-02Primeiro membro da banca
Nascimento, Roseli Gonçalves do
Segundo membro da banca
Zanella, Cristine Koehler
Metadata
Show full item recordAbstract
Halliday e Matthiessen (2014, p. 03) consideram que texto é “qualquer instância da
linguagem, em qualquer meio, que faça sentido a alguém que conheça a linguagem”.
A concepção de texto de Halliday pode ser utilizada para transformar a linguagem em
uma poderosa arma em um contexto de guerra de informação, pois ela pode ser
utilizada para manipulação em massa da população influenciando a opinião pública a
apoiar um dos dois lados da batalha de informação (WEIS, 2021, p.141). Neste
contexto de guerra, os participantes utilizam estratégias de lawfare para destruir o
inimigo processual. A lawfare se subdivide em duas fases: a fase interna é composta
por um cenário de guerra jurídica, e a externa é formada por um cenário de guerra de
informações que se consolida por diversos modos de divulgação midiática com
objetivo de difundir “ideias particulares” (PAIS, 2012, p.05). Para que a informação
seja utilizada como arma de manipulação da opinião pública, Joseph Goebbels
desenvolveu técnicas para “transformar a forma de divulgação de informações” em
uma “artilharia psicológica” (DOMENACH, 2001. p. 14). Durante a operação Lava
Jato, o ex-procurador Deltan Dallagnol avaliou que a mídia teve um papel importante,
pois “o apoio da opinião pública se mostrou imprescindível num caso que enfrenta
poderosos interesses políticos e econômicos” (DALLAGNOL 2017, p. 125). Tendo por
base esse contexto de guerra de informações, esta pesquisa, desenvolvida no
Programa de Pós-Graduação em Letras, na linha de pesquisa Linguagem no Contexto
Social, tem por objetivo investigar, sob a perspectiva da Linguística SistêmicoFuncional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014), a representação do participante então
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na coletiva de imprensa realizada em 14 de
setembro de 2016. Também se pretende identificar como essas representações foram
utilizadas na forma de estratégias de manipulação psicológica. Trata-se de uma
pesquisa descritivo-analítica de abordagem qualitativa e quantitativa. O universo de
análise é composto pelo corpus constituído pela coletiva de imprensa e para subsidiar
as análises, acrescentamos um material adicional colhido da obra “Vaza Jato - os
bastidores das reportagens que sacudiram o Brasil” (DUARTE; THE INTERCEPT,
2020), e na página de Intercept Brasil, publicadas também em 2020. Os resultados
demonstram que Lula está representado pelo uso da linguagem na coletiva de
imprensa como um criminoso que comandava diversas pessoas transgressoras,
beneficiando-se de propinas e enriquecendo ilicitamente, o que propiciou um terreno
fértil para que os procuradores utilizassem estratégias de manipulação em massa da
opinião pública.
Collections
The following license files are associated with this item: