Fiandografia: experimentações entre leitura e escrita numa pesquisa em educação
Abstract
Leitura e escrita caminham juntas como experimentação numa pesquisa de doutorado, na perspectiva de tomar a leitura de um texto (ou de qualquer outra coisa com a qual se encontre) que não apenas o/a interprete, mas que o/a experimente. Experimenta-se, abre-se mão do ímpeto de conclusões, arriscando-se, assim, a um exercício de escrita que não esteja em falta com alguém ou alguma coisa, uma proposta ou especificamente o ideal de um texto e de uma pesquisa em educação. As leituras que perpassam as noções de leitura e escrita neste trabalho, a partir de autores como Deleuze, Guattari, Barthes e Larrosa, junto aos conceitos de devir e acontecimento, permitem pensar o ler e escrever como processo (de)formativo. O que a leitura e a escrita podem produzir como movimento de aprender, de pensamento e de vida numa pesquisa em educação? A escrita que move e é movimentada, que se faz junto à experimentação da leitura, realiza-se numa névoa de intenção que persiste entre os cruzamentos da vida: o de desaprender um pouco sobre si mesmo, de destruir coisas que não querem ser dadas como nossas, mas que se mantêm encrustadas na pele. Trata-se, nestas (des)constituições, de apenas um processo: de uma estudante de doutorado, um processo (de)formativo, outro qualquer. Um processo de como se experimenta com a leitura e a escrita numa pesquisa de doutorado em educação e do que aqui, até então, tem-se chamado de forma torta e nebulosa de (de)formação, experimentação, aprendizagem. A Fiandografia, nome dado para dizer sobre a construção das relações entre leitura e escrita, compõe uma trama-tecido, passível e aberta, que vai dando corpo à pesquisa, como um caminho, um tracejar-tecer-costurar fios de escrita numa pesquisa; um fiandar que persiste em meio à docência, aos espaços e tempos que se compartilham, junto aos discursos que nos adoecem. Conjugar escritos: uma cura, um fiandar infinito.