Memórias da escola Nossa Senhora de Lourdes, RS: narrativas da experiência educativa em uma instituição confessional católica (1960-1970)
Fecha
2016-03-29Metadatos
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A proposta desta Tese foi apresentar um estudo sobre a história da educação do Rio Grande do Sul, especificamente, no âmbito da história da educação confessional católica e da formação escolar de alunos/as, num internato escolar, numa instituição de ensino, que se organizou à luz do carisma das Irmãs do Imaculado Coração de Maria de 1892 a 1980. Foram problematizadas as memórias de sujeitos que viveram a formação como alunos/as internos/as, em uma escola particular de religiosas católicas, na comunidade de Vale Vêneto - região central do estado do Rio Grande do Sul. Sujeitos que vivenciaram uma experiência educativa específica, foram alunos/as de uma escola confessional católica com internato misto. Tal especificidade se destaca porque o internamento misto caracteriza-se por seu traço diferencial, visto que a maioria das escolas confessionais, no interior do estado do Rio Grande do Sul, não ofertava essa modalidade de internato. A partir da análise dos diferentes suportes de memórias, escritos, visuais e orais, sobre a história dessa escola, indícios sinalizam para a consolidação daquele educandário, a partir da década dos anos de 1954, quando passou a ofertar o curso ginasial, transformando-se no primeiro ginásio religioso católico com internato misto, no interior do estado. Seguindo por esse viés de raciocínio e a partir do entrecruzamento dos diferentes documentos memorialísticos analisados, como as atas, os livros crônicas, as imagens fotográficas da escola e de seus escolares e as narrativas orais operacionalizadas através da abordagem metodológica da historia oral, permitiu perceber que se tornou uma destacada instituição de ensino, em parte por ser confessional e oferecer o internamento escolar que aceitava clientela de ambos os gêneros. Uma instituição escolar que recebeu alunos e alunas na condição de internados com um perfil diferenciado, visto serem procedentes de diferentes localidades do estado, o que a constituiu como um espaço de educação escolarizada com um híbrido cultural forte, e, também, compreendida como instituição total pelo traço de fechamento - representação que marca o fio das narrativas dos alunos e das alunas, colaboradores nesta investigação, internos no período de 1960 a 1970, marcadamente o isolamento e a separação da família despontam com aguda crítica tecida por eles e elas. Interessou-me compreender como a construção narrativa de memórias de ex-alunos/as recompõe a experiência educativa em um colégio/internato católico e atribui sentidos a essa formação, seja em suas experiências pessoais ou profissionais?A construção da memória dos alunos e alunas, a partir das representações produzidas nas entrevistas apontam que a experiência educativa escolarizada e a formação que tiveram no período quando foram internos sinaliza um tom narrativo de reconhecimento e gratidão à escola, sendo que atribuem a essa formação, principalmente, pelo rigor disciplinar, um fio narrativo de agradecimento visto que a disciplina, embora reconhecida como sendo extremamente rígida, lhes trouxe ensinamentos para as suas vidas pessoais e profissionais, os valores incorporados às suas vidas, como os limites, a organização , são fortemente creditados a essa formação disciplinar rigorosa; paradoxalmente trazem o tom crítico sobre o fechamento, principalmente sobre o isolamento e saudade da família, essa, parece ser a marca triste de suas imagens-lembranças tecidas à luz desse passado. A pesquisa permitiu apontar que a memória foi tecida através da evocação de uma experiência vivida em por um grupo em uma instituição e traz as marcas do coletivo, portanto a memória do Colégio internato de Irmãs - assim expressado por eles elas-, trouxe as marcas de uma comunidade de memória, egressos que viveram na escola na condição de internados; memórias perfiladas sob um forte fio narrativo que diz do sentimento de pertença à escola e de reconhecimento e gratidão a formação, mas a saudade e o isolamento, trazem o tom, também, da crítica.