Retenção de água da chuva na palha, solo e dossel vegetativo de milho e feijão
Resumo
A água é o fator mais importante e, ao mesmo tempo, o mais limitante que a planta necessita para o seu desenvolvimento. Curtos períodos de deficiência hídrica podem reduzir a produtividade das culturas. Assim, a importância de saber a
quantidade de água que fica retida na planta, na palha e no solo é fundamental na hora de calcular a quantidade exata de água requerida pela planta nos seus diferentes estágios de crescimento. O objetivo deste trabalho foi determinar a
retenção de água no solo, na palha e no dossel de plantas após uma precipitação, na fase inicial de crescimento das culturas do milho e feijão. O feijão (cv Rio Tibagi) e o milho (híbrido Pioneer 30R53) foram semeados no sistema plantio direto (2, 4 e 6 t palha ha-1) e convencional (0 t de palha em cobertura) durante o ano agrícola de 2006. O delineamento experimental para o milho foi um bifatorial (2 x 4) e três
repetições, e o do feijão foi um fatorial com três repetições. No milho foram testados dois espaçamentos entre linhas (45 e 75 cm). As chuvas artificiais foram aplicadas utilizando-se um simulador estacionário de bicos múltiplos e oscilantes, o qual
aplicou de 4 a 8 mm, numa intensidade de 30 mm h-1. Foram feitos camalhões na área, (com declividade para dar escoamento a água) e na superfície do solo foi colocada uma lona plástica para que a água escoasse pela superfície do solo até um coletor colocado entre duas linhas de plantas. Foram confeccionados tapetes de palha com diferentes quantidades de palha (0, 2, 4 e 6 t ha-1) e colocados entre as linhas de plantas acima da superfície do solo (lona plástica). A determinação da quantidade de água retida foi feita através das diferenças de pesagens. A quantidade de água aplicada pelo simulador era conhecida através de pluviômetros; os tapetes de palha eram pesados antes de serem colocados entre as linhas de plantas e após a chuva simulada (por diferença, era obtido o valor da água retida na palha); a água que passava pela palha e escoava até o plástico era coletada após a chuva no coletor colocado entre as linhas de plantas e medida com proveta, e, assim obtido o valor da quantidade de água que chegava ao solo, que na prática corresponde a água que infiltra no solo. Por diferença foi calculada a água que ficou retida no dossel. Foi realizada análise da variância, com regressão em nível de 5%. A retenção de água na fase inicial da cultura do milho foi maior no solo, para todas
as quantidades de palha, e, na fase final aumentou a retenção no dossel de plantas. A maior retenção de água na palha foi na quantidade de 6 t ha-1, sendo a maior
retenção no espaçamento de 45 cm entre linhas. No dossel, a retenção foi menor no início e maior no final, com o desenvolvimento da mesma (maior Índice de área foliar). No solo, a retenção foi maior onde havia menos palha na fase inicial. A retenção foi maior onde havia mais palha na cobertura e no menor espaçamento (45 cm), sendo a retenção no solo maior onde não havia cobertura e a 75 cm entre linhas. No dossel, a retenção foi maior no espaçamento 45 cm, com menor quantidade de palha em cobertura. No feijão, a retenção na palha foi maior na fase inicial e com maior quantidade de palha em cobertura, sendo que no solo a maior quantidade de água chegou onde não havia cobertura. No dossel de plantas a retenção de água foi aumentando conforme o desenvolvimento da cultura.