Qualidade de sementes, micropropagação, conservação in vitro e isolamento de DNA genômico de Luehea divaricata Mart. & Zucc.
Resumo
Luehea divaricata Mart. & Zucc., é uma espécie nativa, dos Biomas Mata Atlântica e Pampa,
pertence à família Malvaceae, conhecida comumente como açoita-cavalo. Considerando-se
a necessidade de recuperação e restauração de áreas degradadas, a demanda crescente
por sementes e mudas de espécies florestais nativas, e a contribuição de trabalhos de
pesquisa com espécies nativas será de grande importância para o setor florestal e
ambiental, o presente trabalho objetivou avaliar a qualidade de sementes, analisar e
selecionar metodologias para a micropropagação e para a conservação in vitro de Luehea
divaricata e, também, para o isolamento de DNA genômico da espécie. Foram conduzidos
testes de qualidade fisiológica e sanitária de sementes conservadas em papel Kraft no
interior de refrigerador, em dois períodos distintos, coletadas em diferentes pontos de
ocorrência natural da espécie. No desenvolvimento de metodologias para micropropagação
os estudos foram divididos em diferentes experimentos, testando-se, primeiramente, as
respostas de culturas iniciadas a partir de epicótilos, aos estímulos de diferentes fontes e
concentrações de citocinina na multiplicação in vitro. Na sequência, foi avaliado o efeito do
tratamento pulse com concentrações de AIB sobre a capacidade de enraizamento in vitro
de segmentos nodais, cultivados em meios nutritivos MS ou WPM, na presença ou ausência
de carvão ativado. Na fase de aclimatização de plantas micropropagadas foram avaliados o
efeito de diferentes concentrações de sacarose no meio nutritivo WPM, e, também, de dois
tipos de substratos comerciais. Foi verificado adicionalmente, o efeito do regulador osmótico
manitol, associado ou não à sacarose, sobre o desempenho in vitro de segmentos nodais,
visando à conservação in vitro de germoplasma. Foram testados três protocolos para isolar
DNA genômico a partir de folhas jovens, comprovou-se sua qualidade e eficiência, por meio
de quantificação por espectrofotometria e digestão com a endonuclease de restrição Hind III.
Os principais resultados obtidos demostraram que sementes de açoita-cavalo apresentam
diferenças na sua qualidade fisiológica e sanitária, e mantêm a sua viabilidade após seis
meses de armazenamento em refrigerador. Para a multiplicação in vitro de segmentos
nodais de açoita-cavalo a adição de citocininas ao meio nutritivo e dispensável, e quando
adicionadas, promovem formação de calos, indesejados nessa fase. O enraizamento in vitro
de segmentos nodais é bem-sucedido em meio nutritivo WPM na ausência de carvão
ativado e obteve-se que o tratamento pulse com concentrações de AIB superiores a 9μM
pode otimizar o processo. A concentração 30 g L-1 de sacarose no meio nutritivo WPM é
eficiente na formação de plantas passíveis de aclimatização utilizando-se substrato
comercial Mecplant® ou H-Decker®. É possível a conservação in vitro de segmentos nodais
de açoita-cavalo, sob condições de crescimento mínimo, pelo período de 120 dias com a
utilização de manitol combinado a concentrações de sacarose de até 15 g L-1, no meio
nutritivo ½MS. Os protocolos de isolamento de DNA são eficientes em obter DNA com
quantidade e qualidade aceitáveis, porém, ainda com a presença de proteínas e
polissacarídeos. Os resultados obtidos poderão contribuir com as informações existentes
sobre a propagação in vitro de açoita-cavalo, apoiando programas de melhoramento,
conservação de germoplasma e análise da variabilidade genética de populações naturais.