Racionalidade formal e racionalidade substantiva em organizações de extensão rural: um estudo com os tipos organizacionais burocrático e coletivista
Abstract
Ao final do século XX, tem-se observado grande preocupação com questões que envolvem onde, como, porque e de que forma a assistência técnica e a extensão rural tem consolidado sua importância fundamental enquanto agente promotor do acesso às novas tecnologias e aos conhecimentos diversos. Nesse cenário, emergem os serviços de assistência técnica e extensão rural, que inicialmente, contavam com ações prioritariamente governamentais. Diante de um cenário de ausência de uma política que coordenasse a Ater a nível nacional, o Brasil acabou gerando um sistema de extensão pluralista, muito semelhante aos moldes que hoje são recomendados por especialistas internacionais na área. Inúmeras discussões e postulações emergiram no sentido de dar maior significado e compreensão para a temática tão vasta e nebulosa que vem à tona, como é o caso das contingências organizacionais, o tipo de racionalidade organizacional e as implicações para a ação extensionista. Com base nessas considerações, chamam a atenção dois casos particulares, que suscitaram a investigação sobre como as racionalidades formal e substantiva podem impactar sobre as atividades organizacionais no campo da extensão rural. Esses casos são o CETAP Centro de Tecnologias Alternativas e Populares e a EMATER Associação Rio-Grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural. Diante disso, essa tese teve como objetivo analisar as contingências organizacionais e ambientais sobre a racionalidade empregada em organizações de extensão rural, bem como os efeitos sobre a ação extensionista . Em termos metodológicos esse estudo foi caracterizado como sendo qualitativo. Fundamentado em um estudo de caso, esse trabalho valeu-se da coleta de dados por meio de entrevistas, questionários, análise documental e observação direta, sendo delineados a partir de um conjunto detalhado de categorias de análise. Em termos de análise dos resultados adotaram-se as técnicas de classificação, categorização e, essencialmente, a análise de conteúdo. Os resultados permitiram concluir que o CETAP opera, de forma, predominante, dentro de uma lógica de racionalidade substantiva, ao passo que a EMATER opera, prioritariamente, com base nos pressupostos de uma racionalidade formal. Também foi possível concluir que as políticas públicas de assistência técnica e extensão rural têm influenciado consideravelmente o comportamaneto dessas organizações, com menor grau de intensidade em se tratando do CETAP e, com maior intensidade em relação à EMATER. Por fim, ainda foi possível constatar que as políticas públicas e a racionalidade organizacional têm influenciado diretamente, tanto no CETAP, quanto na EMATER, como as práticas extensionsitas são desenvolvidas, tanto do ponto de vista de sua concepção, como de sua implementação.