A participação para o desenvolvimento: um estudo sobre a construção de significados a partir de seu fenômeno temporal
Fecha
2015-09-14Primeiro coorientador
Chamorro, Pablo Palenzuela
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Desde a segunda metade do século XX, acompanhou-se a emergência e a introdução dos enunciados
participativos junto as organizações socioinstitucionais voltadas ao desenvolvimento através de
modalidades particulares que diferenciavam-se daquilo que, stricto sensu, constituíam as referências e
significados relacionados ao ideário e ao discurso participativos. Com a impossibilidade prática de aplicar
modelos participativos radicais ou diretos, disseminaram-se experiências e teorizações que atribuíram
sentidos mais amplos ao discurso da participação, em que este aparece como elemento potencial de
renovação das estruturas democráticas, no intuito de atender a necessidade de relativização do caráter
técnico e centralista das decisões socioinstitucionais. Estas particulares modalidades de operacionalização
dos enunciados participativos, contudo, não mais sustentavam a oposição entre as ideias de participação e
representação que caracterizam seu debate estrito, estabelecendo, assim, possibilidades de aportar
referências e significados mais amplos a ambos os discursos. Acerca desta que denominamos modalidade
lato sensu de participação foram construídas metodologias, tipologias, indicadores e inúmeras outras
ferramentas que atentavam para sua operacionalização discursiva, dialógica e prática. Não obstante, na
última década observou-se a emergência de muitas críticas que requisitavam a atualização conceitual
deste novo discurso da participação, que, aparentemente, já não continha as referências e significados
que, estritamente, relacionavam-se aos mesmos. Os enunciados participativos passaram por um processo
interdiscursivo em que distintas relações e referências chamavam a atenção para que intelectuais
introduzissem-se ao debate e tentassem desvelar o novo fenômeno participativo, ou seja, tentassem
responder, de alguma maneira, o que é isso que denominamos também de participação. A presente tese,
portanto, direcionou-se para auxiliar no desvelamento deste fenômeno que, como criticaram muitos
autores, assumia significados que atendiam aos requisitos socioinstitucionais, mas deixavam de discutir
sobre a direta participação das pessoas na construção das estruturas institucionais e de suas intervenções
sociais. Deste modo, além de circundar os problemas teóricos que emergem das experiências
participativas operacionalizadas através deste sentido amplo, esta tese dedica-se a levantar as possíveis
significações que atribuem-se ao mesmo, aportando ao documento expressões significativas de pessoas
em suas próprias vivências participativas. Optou-se, assim, pela utilização das bases metodológicas
derivadas da fenomenologia, que observa as expressões das pessoas como subsídios objetivos para
alcançar as referências e relações significativas acerca de determinado fenômeno. Ao seguir o método do
desvelamento da circularidade perfeita, esta tese divide-se em quatro seções principais, entre as quais
estão inseridos capítulos. Tais seções prezam por apresentar, respectivamente, as relações teóricas,
metodológicas, fenomenológicas e críticas que constroem esta tese, atentando para direcioná-las ao
encontro da modalidade participativa acompanhada pela experiência empírica desta tese, que através das
estruturas da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, deparou-se com a valorização da
modalidade da participação para o desenvolvimento. De modo a contribuir na construção de significados
sobre a participação e na discussão sobre isto que também denominamos de participação, esta tese
encerra-se com um novo ponto de partida para o problema inicial, em que as expressões das pessoas
indicaram a necessidade de direcionar a crítica participativa para as possibilidades pessoais, mais do que
para as possibilidades institucionais.