Realismo moral: proposta a partir da teoria popperiana dos Três Mundos
Abstract
O presente trabalho tem por objetivo principal formular uma proposta de realismo moral baseada na Teoria dos Três Mundos de Karl Raimund Popper. Como há uma gama de posições metaéticas em questão, primeiramente buscamos apresentar o debate metaético contemporâneo de modo a situar algumas das principais posições existentes nele, bem como explicar o porquê de assumirmos o realismo moral. Após tal apresentação, abordamos de modo mais detalhado em que consiste o realismo moral, apresentando algumas de suas principais vertentes bem como algumas críticas mais conhecidas que são feitas a esta posição. Em um terceiro momento, já desenvolvendo a proposta de realismo moral que buscamos formular neste trabalho, explicamos a Teoria dos Três Mundos de Popper, uma teoria que afirma que a realidade da forma que os seres humanos conhecem é composta pela interação de três mundos: o mundo físico (mundo 1), o mundo dos estados mentais (mundo 2) e o mundo das entidades abstratas objetivas (mundo 3). Destes três mundos o que mais nos importa é o mundo 3, pois ele é habitado por diferentes tipos de entidades abstratas objetivas, dentre as quais, sugerimos aqui, estão a ideia de bem e os fatos morais, por isso chamamos nossa proposta de Realismo Moral de Mundo 3. A ideia de bem é por nós considerada como sendo a ideia que regula a busca por soluções para os problemas morais, soluções essas que uma vez instituídas através do uso contínuo da linguagem, especialmente das funções superiores que caracterizam a linguagem humana, se tornam fatos morais objetivos que, por sua vez, são as referências para a verdade do discurso moral e a correção das ações morais. Por fim, buscamos mostrar de que forma nossa proposta satisfaz as condições necessárias para que ela seja considerada um realismo moral e, além disso, apontamos alguns aspectos negativos e alguns aspectos positivos que desde já podemos identificar nesse tipo de realismo. Após sopesar esses aspectos, sustentamos que esta é uma proposta promissora e que, portanto, merece um lugar no rol de posições metaéticas.