Ciência, disciplina e manual: É. Benveniste e a lingüística da enunciação
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2007-08-15Metadatos
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Este trabalho apresenta uma análise dos manuais de introdução à lingüística, publicados no Brasil nas duas últimas décadas, com o objetivo de verificar as referências a Benveniste. Toma-se a manualização dos saberes lingüísticos sobre a enunciação como um processo mais amplo, de disciplinarização, no qual se confrontam dois tipos de contextualização: o da constituição dos saberes científicos e o do mundo escolar. Nesse sentido, trabalha-se com a noção de disciplina como um campo que deve escolher seus domínios em relação aos demais: aqueles que o antecederam e os que lhe são adjacentes, mas também projetando para si uma linha de desenvolvimento. Configuram-se, assim, um horizonte de retrospecção, um horizonte de projeção e um domínio de atualidade, essas três dimensões reunindo as condições de transmissibilidade do saber no mundo escolar. Começa, então, um processo de transposição didática, em que o conhecimento científico sofre transformações para poder ser ensinado. Uma das formas de esse saber se materializar é o manual, veículo privilegiado para a construção do discurso disciplinar. O que a análise do livro didático mostra é que a falta de uma disciplina institucionalizada a lingüística da enunciação reflete-se no manual. O pouco espaço reservado à teoria de Benveniste demonstra o desinteresse da lingüística brasileira com o autor que tornou possível uma nova forma de ver e estudar a linguagem: a língua transformada em discurso pela enunciação.