Língua, patrimônio nosso
Fecha
2012-04-02Metadatos
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Este trabalho versa sobre a significação da língua como patrimônio, a partir de um lugar específico, o Museu da Língua Portuguesa (São Paulo, 2006), eleito por nós por se constituir como espaço de salvaguarda e comemoração do patrimônio, dando visibilidade à língua nessa condição de objeto simbólico. O conceito de patrimônio envolve uma série de símbolos que são social e juridicamente determinados a partir do valor e da força simbólica que possuem para a memória coletiva de um grupo. Trata-se de um meio material de testemunho do passado vivido pela paráfrase discursiva de memórias com teor de temporalidade histórica, paráfrase esta inscrita no universo dos discursos logicamente estabilizados. A língua nesta perspectiva é também valorada no entremeio das práticas dos sujeitos e daquilo que é manifestado como representativo dessa relação, devendo, por isso, fazer parte ou mesmo permanecer nas narrativas da história. Principalmente, em função da voz autorizada do museu como lugar da cultura material, lugar autorizado de interpretação e lugar de fixação de sentidos, a constituição da língua como objeto de museu, portanto, patrimônio, problematiza tanto a possibilidade de a língua constituir arquivo quanto a legitimação de um discurso por meio do qual são organizados e apresentados fatos e versões que passam a servir de referência na nossa história (ORLANDI, 2000). O aporte teórico-medotológico desta pesquisa é a Análise de Discurso postulada, na França, por Michel Pêcheux e desenvolvida no Brasil por Eni Orlandi e demais pesquisadores. Inscritos nessa perspectiva discursiva, para nosso estudo partiremos da compreensão de língua como base material e condição de realização de processos discursivos diferenciados (PÊCHEUX, 2009 [1988]), procurando trabalhá-la como objeto simbólico que desliza por entre distintos movimentos de sentido, ou seja, tanto em seu caráter imaginário quanto como possibilidade de acontecimento no mundo. A remissão aos conceitos de língua imaginária e língua fluida (ORLANDI, 2003 [1999]) é possibilidade para a reflexão teórica sobre a prática política de valoração e de estabilização discursiva da língua como objeto simbólico na constituição do arquivo do Museu da Língua Portuguesa. O caminho a ser percorrido envolve a desconstrução do arquivo e da memória de arquivo deste museu em direção à constituição da língua como patrimônio, com valor de memória histórica e em sua significação política, alusiva à universalização significada no conceito de patrimônio e no slogan do museu, a língua é o que nos une .