Pressão arterial média e o fluxo sangüíneo da artéria oftálmica externa em gatos (Felis catus Linnaeus, 1758)
Abstract
A medicina veterinária vem se beneficiando dos avanços tecnológicos dos meios diagnósticos em medicina, e da facilitação da divulgação da ciência. Para que novas tecnologias sejam utilizadas são necessárias informações acerca dos padrões normais para cada tipo de exame, para que se possa utilizá-lo na rotina e destiná-lo adequadamente para cada paciente. A fluxometria ultra-sonográfica está começando a ser utilizada em medicina veterinária com propósitos e fins diversos. Para destiná-la a um fim específico, o presente trabalho teve por objetivos verificar a fluxometria ultra-sonográfica da artéria oftálmica externa em gatos sem raça definida e anestesiados com tiletamina e zolazepam, e correlacioná-la à pressão arterial média aferida por método direto. Para tanto foram utilizados 20 gatos sem raça definida, entre machos e fêmeas, com massa corpórea entre 2 e 4 quilogramas, hígidos, provenientes da Sociedade de Amparo aos Animais de Umuarama - PR (SAAU). Os animais receberam anestesia intramuscular com tiletamina e zolazepam na dose de 6,0 mg/kg. A artéria femoral foi canulada de forma asséptica e um manômetro acoplado a uma coluna de ar foi conectada ao cateter, a PAM foi aferida antes e a cada 15 minutos até o término do exame ultra-sonográfico. A fluxometria da artéria oftálmica externa foi obtida através do equipamento de ultra-sonografia Toshiba Powervision ATL-HDI 3500, dotado de eco-doppler, com transdutor setorial de 6,0 MHz, aplicado diretamente sobre a córnea. Cada olho teve o fluxo de sua artéria aferido pelo programa do próprio aparelho, sendo tomadas 3 amostras. O índice de resistência vascular foi calculado com base nos valores do fluxo sistólico e diastólico médio de cada vaso. Os valores foram tabulados e teste t de Student foi aplicado para verificação de diferenças entre as médias. Teste de regressão logística foi aplicado aos valores da PAM e aos do fluxo em cada artéria, para verificar a existência de correlação entre os valores aferidos. Obteve-se um valor médio para a PAM de 144,9 ± 26,68 mmHg e uma velocidade de fluxo de 41,3 ± 14,28 cm/seg para a artéria oftálmica externa no olho direito em sístole, 23,95 ± 11,46 cm/seg em diástole e 42,75 ± 12,64 cm/seg no olho esquerdo em sístole, 25,45 ± 9,61 cm/seg em diástole, não existindo diferença significativa entre os olhos. Não foi constatada correlação entre os valores da PAM e o fluxo sangüíneo na artéria oftálmica em nenhum dos olhos. O índice de resistência vascular calculado foi de 0,4175 para a artéria oftálmica externa no olho direito e 0,4015 para a do olho esquerdo, sem diferença significativa entre os olhos. Os resultados apontam para um mecanismo intrínseco de controle do fluxo, controlado por fatores locais na artéria oftálmica externa. Os valores do índice de resistência denotam uma artéria de baixo fluxo. Como conclusão têm-se os valores de referência acima citados para a PAM e para o fluxo sangüíneo na artéria oftálmica externa em gatos sem raça definida anestesiados com tiletamina e zolazepam, e a informação de que não existe correlação entre esses valores.