Efeito de diferentes protocolos de suplementação de colina protegida em vacas leiteiras durante o período de transição
Resumo
O período de transição é a fase mais crítica do sistema de produção leiteira. As drásticas quedas do consumo de matéria seca no periparto e o aumento dos gastos energéticos no início da lactação resultam em balanço energético negativo (BEN). Vacas leiteiras sob BEN obtêm energia de suas reservas de gordura através de mobilização de ácidos graxos não esterificados (AGNE). A elevação desse metabólito e de seus produtos na corrente sanguínea possui consequências drásticas à saúde, produção e reprodução de vacas leiteiras. A busca por estratégias para reduzir esse desbalanço e melhorar o desempenho de vacas em transição é um desafio aos produtores e técnicos da área. Diante disso, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da colina protegida na produção, saúde uterina, metabolismo e reprodução em vacas no período de transição com diferentes tempos de suplementação. No primeiro estudo foram utilizadas 15 vacas no período de transição. O grupo tratado foi suplementado com 80 gramas de colina protegida por 21 dias antes do parto e 40 dias após. Amostras de sangue foram coletadas nos dias 21 e 10 antes do parto e nos dias 10, 20 e 30 do pós-parto para avaliação do perfil metabólico, hepático e oxidativo. A suplementação com colina não alterou os teores de frutosamina, colesterol, AGNE, beta hidroxibutirato (BHB), fator de crescimento semelhante à insulina I (IGF-I), aspartato aminotransferase (AST), gama glutamiltransferase (GGT) e total de oxidantes (TOS). A pesagem do leite foi realizada nos dias 10, 20 e 30 de lactação, não havendo efeito do tratamento na produção. Aos 60 dias pós-parto foi realizado exame ginecológico. Aos 60 dias o grupo controle apresentou maior número de casos de endometrite, não havendo efeito do tratamento sobre o intervalo entre partos. Os teores de progesterona apresentaram-se maiores no grupo controle que no grupo tratado aos 60 dias pós-parto. A suplementação de colina de forma não alterou o perfil metabólico, mas reduziu o número de casos de endometrite aos 60 dias pós-parto. No segundo estudo, foram utilizadas 54 vacas, divididas em três grupos: controle, vacas suplementadas por 10 dias pré-parto com colina protegida (T10) e vacas suplementadas por 20 dias pré-parto com colina protegida (T20). Amostras de sangue foram coletadas nos dias 10, 20 e 30 pós-parto para determinação dos teores de frutosamina, colesterol, AGNE, BHB, AST, GGT e TOS. Não houve diferença entre grupos para nenhum dos parâmetros sanguíneos. A produção de leite foi avaliada nos dias 10, 20 e 30 de lactação, não havendo efeito dos tratamentos sobre o volume de leite produzido. O intervalo entre parto e concepção foi menor em animais do grupo T20 em relação aos demais grupos. A colina protegida não alterou o perfil metabólico de vacas leiteiras sob balanço energético negativo moderado. O uso prolongado de colina reduziu o número de casos de endometrite, enquanto que sua suplementação por 20 dias no pré-parto reduziu o intervalo entre parto e concepção.