Causas de morte e razões para eutanásia de gatos da região central do Rio Grande do Sul
Fecha
2016-07-15Metadatos
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A primeira parte desta tese objetivou desvendar os aspectos epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos de uma intrigante mielopatia de gatos. Para isso foram realizadas três incursões na área rural do município de Alegrete, no sudoeste do Rio Grande do Sul e realizado um questionário com proprietários e moradores da região. Foram realizados exames neurológicos, necropsia e histopatológico em quatro gatos. Os gatos afetados desenvolviam inicialmente paralisia da cauda, seguida de paraparesia progressiva nos membros pélvicos, alteração da marcha, posição plantígrada e ataxia proprioceptiva. Após longos períodos de evolução clínica (12-24 meses), quando se tornavam marcadamente paraparéticos e começavam a apresentar escaras de decúbito, eram sacrificados pelos proprietários. Na necropsia, demonstravam graus variados de atrofia dos músculos pélvicos e algum grau de avermelhamento das meninges entre T10 e L7, devido à presença de miríades de pequenos vasos sanguíneos. Histologicamente, tais lesões consistiam de distensão do espaço subaracnoideo por vasos sanguíneos dilatados e tortuosos, repletos de sangue e, ocasionalmente, de trombos, que ocluíam parcial ou totalmente seus lúmens. No lúmen das vênulas varicosas havia secções transversais e longitudinais de parasitas. Com base na morfologia desses parasitos, em sua localização anatômica (vasos sanguíneos meníngeos) e na espécie afetada (gato), o nematódeo foi identificado como Gurltia paralysans. Sendo assim, foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil a paraplegia crural parasitária felina . O segundo trabalho que compõe esta tese trata-se de um relato de siringomielia, uma doença neurológica rara em gatos. Este caso de siringomielia estava associado a escoliose congênita, ambas malformações encontradas com frequência em relatos da área médica, porém pouco diagnosticadas em Medicina Veterinária. O gato apresentava paraplegia, incontinência urinária e fecal congênitas. Na necropsia observou-se um desvio lateral direito da coluna vertebral na região tóraco-lombar (interpretado como escoliose). Na histologia observou-se uma cavitação cística na substância branca desde a região torácica à região lombar, ventral ao canal central e não delineada por epêndima. O terceiro artigo a fazer parte desta tese determinou a prevalência das doenças que causam a morte ou que levam à eutanásia em gatos da Região Central do Rio Grande do Sul. Para isto foram revisados os arquivos do Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) entre 1964 a 2013. Neste levantamento foram encontrados um total de 1.247 protocolos de necropsias de gatos. Em 878 protocolos (70,4%) a causa da morte e/ou razão para eutanásia foi estabelecida. Os diagnósticos encontrados foram incluídos em diferentes categorias. Os grupos responsáveis pelo maior número de causas de morte ou razão para eutanásia em gatos foram os distúrbios causados por agentes físicos (15,6%), seguidos das doenças infecciosas e parasitárias (13,2%) e dos tumores (10,50%). Intoxicações e toxi-infecções (5,3%), doenças degenerativas (4,8%), distúrbios iatrogênicos (3,8%), doenças metabólicas e endocrinológicas (2,7%) foram categorias comuns. Doenças imunomediadas (2,1%), doenças nutricionais (1,6%), eutanásia por conveniência (1,4%) e distúrbios congênitos (1%) foram categorias incomuns. Outros distúrbios perfizeram 8,34% dos casos. As doenças mais importantes foram avaliadas com relação à idade e os resultados obtidos demonstram que os adultos são mais acometidos pelo distúrbio do trato urinário inferior dos felinos, por traumas e por distúrbios iatrogênicos. Os gatos idosos são mais acometidos por tumores e por doenças degenerativas como a insuficiência renal crônica. Já nos filhotes, a principal doença que causa a morte ou leva à eutanásia é a peritonite infecciosa felina.