Marcadores de estresse oxidativo e atividade das colinesterases em bovinos experimentalmente infectados por Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale
Abstract
A Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é uma doença que causa alta morbidade e mortalidade
em bovinos suscetíveis, causada pela infecção dos protozoários Babesia bovis e Babesia
bigemina e pela bactéria Anaplasma marginale. O objetivo deste estudo foi avaliar
parâmetros de estresse oxidativo em bovinos experimentalmente infectados com B. bovis e
B. bigemina e as atividades das colinesterases na infecção assintomática por B. bigemina
assim como a interferência da esplenectomia no equilíbrio oxidativo de bovinos infectados
com A. marginale. Para tanto, foram realizados três experimentos, sendo utilizados 24
bovinos jovens divididos em três grupos experimentais, cada um composto por oito animais
sendo: no Experimento I, quatro controles e quatro infectados com cepa atenuada de B.
bovis, onde foram observados decréscimo na contagem de hemácias e nas atividades das
enzimas catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD) concomitantes com aumento nos
níveis das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). No experimento II, foram
usados quatro bovinos controles e quatro infectados com cepa atenuada de B. bigemina,
sendo observados decréscimo nas atividades das enzimas acetilcolinesterase (AChE),
butirilcolinesterase (BChE) e CAT e aumento nos níveis de TBARS e SOD nos bovinos
infectados. E, no Experimento III, quatro bovinos esplenectomizados e quatro intactos,
ambos os grupos infectados com A. marginale, não havendo diferença entre os grupos no
perfil hematológico e enzimático, apenas observada queda no hematócrito, contagem de
hemácias e concentração de hemoglobina e aumento na contagem total de leucócitos devido
a um aumento na contagem de linfócitos em ambos os grupos. Foram evidenciadas
correlações positiva entre TBARS e a bacteremia e negativa entre NPSH e a bacteremia em
ambos os grupos, porém as correlações foram maiores no grupo esplenectomizado. A partir
dos resultados pode-se inferir que a infecção por B. bovis causa desequilíbrio oxidativo, da
mesma forma que a infecção por B. bigemina induz a uma condição de estresse oxidativo e
altera a atividade das colinesterases mesmo em animais assintomáticos e que a bacteremia
por A. marginale influencia na peroxidação lipídica em bovinos independente da
esplenectomia. Com este estudo, pode-se sugerir que marcadores de estresse oxidativo e de
inflamação de baixo grau podem ser utilizados como ferramenta no auxílio do diagnóstico
precoce desta enfermidade assim como servir de base para estudos referentes ao uso de
antioxidantes na alimentação de bovinos para prevenir a infecção e/ou reduzir a gravidade
das lesões causadas por estes parasitas.