Migração de metais por interação das embalagens com soluções parenterais
Resumo
Atualmente a administração parenteral, tanto de medicamentos quanto
nutrientes, é uma prática muito difundida. Um dos riscos desta prática é a presença
de contaminantes que, dependendo da sua natureza, podem acarretar graves danos
aos pacientes devido à forma direta (na corrente circulatória) da administração.
Neste trabalho, investigou-se a possibilidade das embalagens serem fontes de
contaminação por metais de soluções utilizadas na nutrição parenteral. As
embalagens investigadas incluíram vários tipos de vidro e polímeros plásticos mais
comumente utilizados (polipropileno, polivinil cloreto (PVC) e etil vinil acetato(EVA)).
As embalagens, nas quais foram armazenados individualmente os constituintes
das soluções parenterais (aminoácidos, sais, glicose, vitaminas e lipídeos), foram
submetidas ao processo de esterilização e de armazenagem a longo prazo, visto
que a validade deste tipo de formulação é geralmente de 2 anos. Após a
esterilização e em intervalos de tempo regulares, alíquotas das soluções foram
retiradas e os teores em Al, Pb, Cd, Fe, Cr, Mn, Ba e Zn foram medidos por
espectrometria de absorção atômica forno de grafite (GF AAS) e espectrometria de
massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS).
As embalagens utilizadas foram também analisadas para determinar quanto
dos metais em estudo elas apresentavam, seja como constituinte, como é o caso do
Al no vidro, ou como impureza, no caso de todos os metais nos polímeros plásticos.
Todas as embalagens continham os metais em estudo em maior ou menor
concentração. As soluções, dependendo dos seus constituintes foram capazes de
extrair os metais, tanto do vidro quanto do plástico. As maiores taxas de extração
ocorreram com as soluções dos aminoácidos cisteína e acido glutâmico. Os metais
extraídos em maiores quantidades foram Ba, Pb e Zn das embalagens plásticas e
Al, Pb e Zn das embalagens de vidro. Observou-se diferente comportamento entre
os diferentes polímeros e tipos de vidro. O EVA mostrou-se o polímero mais inerte,
enquanto que as ampolas transparentes foram as que mais metais liberaram para as
soluções.
Foram analisadas, também, 50 amostras comerciais, as quais se mostraram
contaminadas pelos metais em estudo. Observou-se nas soluções comerciais a
mesma tendência das soluções individuais do estudo, tanto com relação ao
comportamento da embalagem, quanto ao conteúdo (ação do componente sobre a
embalagem) e os metais extraídos.