Perfil de ácidos graxos, embutido fermentado e características da carcaça de ovelhas de descarte
Abstract
O presente estudo teve por objetivo avaliar as características da carcaça e o perfil de ácidos graxos da carne de ovelhas de descarte de dois grupos genéticos em dois sistemas de
manejo alimentar, além de avaliar a qualidade de embutido fermentado tipo salame, produzido com a carne destes animais. Foram utilizadas 20 ovelhas de descarte (boca cheia
com desgaste visível das pinças): 10 da raça Ideal e 10 da raça Texel, as quais foram aleatoriamente distribuídas em arranjo fatorial 2 X 2, de acordo com o grupo genético, em
dois manejos alimentares (confinamento e pastagem cultivada de aveia preta (Avena strigosa Schreb.) + azevém anual (Lolium multiflorum Lam.)). Os abates foram realizados na medida em que os animais atingiam 3,5 pontos de condição corporal. As carcaças dos animais foram acondicionadas em câmara frigorífica por um período de 24 horas para posterior avaliação. A determinação do perfil de ácidos graxos foi realizada mediante cromatografia gasosa, após tomada uma amostra do músculo do Longissimus dorsi, entre a 12ª e 13ª costelas. Para a produção dos embutidos utilizou-se uma proporção de 80% de carne ovina (pescoço e paleta) e 20% de pernil suíno. Para análise sensorial do embutido produzido, utilizou-se uma escala hedônica de 7 pontos, avaliando os atributos de cor, odor, aroma e sabor. Os pesos de carcaça
quente (PCQ) e fria (PCF), rendimentos de carcaça quente (RCQ) e fria (RCF) das ovelhas Texel, foram significativamente superiores (P<0,05) aos das ovelhas Ideal, sendo os valores
médios observados para as duas raças, respectivamente: 27,85 e 19,04 kg; 27,08 e 18,43 kg; 47,25 e 45,20% e 45,95 e 43,72%. O peso da perna, paleta, pescoço e costela, assim como para as quantidades (kg) de músculo, osso e gordura da perna dos animais da raça Texel foram superiores (P<0,05) aos da raça ideal. Quando expressos em valores relativos (%), não foram observadas diferenças significativas entre as duas raças (P>0,05). O manejo alimentar não se constituiu em causa de variação (P>0,05) das características da carcaça. Os principais ácidos graxos presentes no músculo Longissimus dorsi das ovelhas em todos os tratamentos foram o oléico (C18:1), palmítico (C16:0) e esteárico (C18:0). O grupo genético não afetou o perfil de ácidos graxos encontrados neste músculo. No entanto, os teores de ácidos graxos do
tipo ω3 foram mais altos e a relação ω6/ω3 foi mais baixa nas ovelhas mantidas a pasto. Não foram encontradas diferenças entre grupos genéticos (P>0,05) e sistema alimentar (P>0,05)
para as características sensoriais do embutido tipo salame, sendo que, os valores médios no painel sensorial, considerando os dois grupos genéticos variaram de 4,90 a 5,41 para a coloração; 4,53 a 4,81 para o odor; 5,25 a 5,75 para o sabor e de 5,40 a 5,69 para a textura; e para os dois métodos de alimentação variaram de 5,03 a 5,25; 4,56 a 4,78; 5,50 e 5,34 a 5,75 para a coloração, odor, sabor e textura, respectivamente. Baseado no perfil de ácidos graxos,
as ovelhas terminadas em pastagem cultivada proporcionaram uma carne mais saudável para o consumo humano que as ovelhas terminadas em confinamento. Pode-se concluir que os
embutidos fermentados com carne ovina e suína numa proporção de 80:20, foram aprovados sensorialmente pelos degustadores.