Efeitos do resveratrol, do suco de uva e do vinho tinto nos biomarcadores de estresse oxidativo e na atividade de ectoenzimas em ratos diabéticos
Abstract
O diabetes mellitus (DM) é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A hiperglicemia crônica presente no estado diabético está associada com um aumento do estresse oxidativo, o qual tem sido apontado por ter um papel central no desenvolvimento e na progressão de complicações diabéticas. Alterações na morfologia e função das plaquetas observadas no diabetes têm sido consideradas agravantes importantes para a patogênese das complicações vasculares desta endocrinopatia. Os nucleotídeos extracelulares ATP, ADP e o nucleosídeo adenosina regulam diversos processos fisiológicos no sistema vascular, incluindo a agregação plaquetária, o tônus vascular e as funções cardíacas. O controle dos níveis extracelulares destas moléculas e a conseqüente sinalização purinérgica por elas induzida é realizada por uma variedade de enzimas como as NTPDases (Nucleotídeo Trifosfato Difosfoidrolase), E-NPPs (Ecto-Nucleotídeo Pirofosfatase/Fosfodiesterases), 5 -nucleotidase e a adenosina deaminase (ADA). Estudos têm revelado uma série de ações benéficas do vinho tinto e do suco de uva, que podem ser atribuídas às altas concentrações de polifenóis que estes possuem, principalmente de resveratrol o qual apresenta propriedades antioxidantes e antiplaquetárias. Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito do resveratrol, do vinho tinto e do suco de uva no perfil oxidativo em fígado e rim, na atividade de ectoenzimas em plaquetas e na agregação plaquetária de ratos diabéticos induzidos com estreptozotocina. Além disso, foram realizados testes in vitro com os polifenóis resveratrol, quercetina, rutina, ácido caféico e ácido gálico na atividade das ectonucleotidases, ADA e agregação plaquetária de ratos controles e diabéticos. Os resultados obtidos demonstraram um aumento nos níveis de peroxidação lipídica em fígado e rim de ratos diabéticos e o tratamento com resveratrol (10 e 20 mg/kg) preveniu este aumento. A atividade da superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e -aminolevulinato ácido desidratase (-ALA-D) e os níveis de tióis não protéicos (NPSH) e vitamina C foram significativamente decrescidos no fígado e rim de ratos diabéticos. Contudo o tratamento com resveratrol (10 e 20 mg/kg) preveniu o decréscimo nas defesas antioxidantes de ratos diabéticos. Em relação à NTPDase, E-NPP ,5 -Nucleotidase e ADA, observou-se um aumento na atividade destas ectoenzimas em plaquetas de ratos diabéticos acompanhado de um aumento na agregação plaquetária neste animais. O tratamento com resveratrol (10 e 20 mg/kg), suco de uva e vinho tinto aumentou a atividade da NTPDase, E-NPP and 5′-nucleotidase e preveniu o aumento na atividade da ADA em ratos diabéticos. A agregação plaquetária decresceu significativamente em ratos diabéticos tratados com suco de uva e vinho tinto. Nos testes in vitro, resveratrol, ácido caféico e ácido gálico aumentaram a hidrólise do ATP, ADP e AMP, enquanto a rutina e a quercetina decresceram a hidrólise destes nucleotídeos em plaquetas de ratos diabéticos. A atividade da ADA e agregação plaquetária foram reduzidas na presença de todos os polifenóis testados in vitro. Assim, os resultados descritos aqui sugerem que o resveratrol tem efeito protetor contra danos hepáticos e renais induzidos pelo estresse oxidativo no estado diabético, o qual foi evidenciado pela capacidade deste polifenol de modular as defesas antioxidantes e decrescer a peroxidação lipídica nestes tecidos. Além disso, o resveratrol, o vinho tinto e o suco de uva, bem como o ácido cafeíco, o ácido gálico, a quercetina e a rutina são capazes de modular a atividade das ectoenzimas e decrescer a agregação plaquetária, podendo prevenir e reduzir anormalidades plaquetárias e consequentemente complicações vasculares no estado diabético.