Estudo do perfil oxidativo e avaliação de parâmetros enzimáticos em pacientes com câncer de próstata
Resumo
O câncer de próstata é reconhecido como um dos mais importantes
problemas médicos enfrentados pela população masculina. Alterações inerentes ou
adquiridas no metabolismo celular que ocorrem ao longo dos anos podem ter
envolvimento no processo de desenvolvimento deste tipo de câncer. Dessa forma, o
estresse oxidativo pode desempenhar um papel importante nos processos celulares
associados com a iniciação e o desenvolvimento do câncer de próstata. Por outro
lado, o câncer pode estar associado com alterações na agregação plaquetária e no
metabolismo dos nucleotídeos. Além disso, as enzimas que degradam ésteres de
colina desempenham funções não colinérgicas e parecem estar envolvidas com a
proliferação e diferenciação celular. Levando em consideração tais afirmativas, este
trabalho teve como objetivos avaliar o perfil oxidativo, através da determinação do
conteúdo de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e de proteína
carbonil, e as defesas antioxidantes, através da determinação das atividades das
enzimas catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD) e dos níveis de tióis nãoprotéicos,
vitamina C e vitamina E. Além disso, realizar a determinação das
atividades das enzimas ectonucleotidases representadas pelas enzimas NTPDase,
E-NPP, 5 nucleotidase e adenosina deaminase (ADA). Por fim, verificar as
atividades das enzimas acetilcolinesterase (AChE), butirilcolinesterase (BuChE) e os
parâmetros bioquímicos em pacientes e controles. Esse trabalho teve ainda como
objetivo, avaliar a influência da escala de Gleason, da presença ou ausência de
metástase e do tipo de tratamento a que foram submetidos os pacientes, nas
dosagens realizadas. Os resultados demonstram que o conteúdo de TBARS e os
níveis de carbonilação de proteínas aumentaram nos pacientes quando comparados
com o grupo controle e mudanças no sistema de defesa antioxidante foram
observadas. A atividade da CAT estava diminuída e a atividade da SOD aumentada
nos pacientes quando comparados aos controles. Verificamos ainda um aumento
nos níveis de tióis não-protéicos no plasma e eritrócitos e uma diminuição nos níveis
séricos de vitamina C e de vitamina E em pacientes com câncer próstata. Os
resultados mostraram que a hidrólise dos nucleotídeos ATP, ADP e AMP estava
aumentada nos pacientes quando comparado ao grupo controle, o que pode ser
comprovado pelo aumento nas atividades das enzimas NTPDase, E-NPP e
5 Nucleotidase. Por outro lado, nossos resultados revelaram uma diminuição na
atividade da ADA no soro desses pacientes. Os resultados mostraram também que
a agregação plaquetária foi diminuída apenas nos pacientes com câncer de próstata
antes do início do tratamento. As atividades da AChE e BuChE foram diminuídas
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nos pacientes em relação ao grupo controle. Com os dados podemos concluir que
há um aumento na formação de espécies reativas e um desequilíbrio no sistema de
defesa antioxidante enzimático e não-enzimático nos pacientes. Além disso, o
câncer de próstata avançado pode estar associado com um estado de estresse
oxidativo elevado. Os resultados refletem também o aumento na hidrólise de
nucleotídeos e o consequente aumento nas concentrações de adenosina nos
pacientes, que pode estar participando do processo de tumorogênese. A diminuição
nas atividades das colinesterases (AChE e BuChE) e o consequente aumento nos
níveis de acetilcolina sugerem a participação da mesma no processo de
desenvolvimento do câncer. Finalmente, as alterações nas atividades das enzimas
NTPDase, 5 Nucleotidase, E-NPP, ADA, BuChE e AChE quando os pacientes foram
divididos em grupos considerando a escala de Gleason, a presença ou ausência de
metástase óssea e o fato de estar ou não em tratamento, indicam que esses
parâmetros devem ser considerados.