A curcumina previne os efeitos da exposição à fumaça do cigarro sistema purinérgico, sistema colinérgico e memória
Resumo
A exposição à fumaça do cigarro é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, déficits neurocognitivos e neurobiológicos. Atualmente, o emprego de fitoterápicos é uma das alternativas para o tratamento de diversas doenças. A curcumina, um polifenol obtido a partir de rizomas de Curcuma longa e amplamente utilizado na culinária e na medicina tradicional oriental, possui diversas propriedades farmacológicas como antioxidante, anti-agregante e neuroprotetora. Em virtude de seu amplo espectro de propriedades farmacológicas a curcumina possui potencial para a prevenção dos efeitos causados pela exposição à fumaça do cigarro. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da curcumina sobre a memória e parâmetros envolvidos na homeostase do sistema nervoso central (SNC) em ratos expostos de forma passiva à fumaça do cigarro. Os experimentos foram realizados em duas etapas, sendo a primeira delas dividida em duas fases. Na primeira fase, os animais foram divididos aleatoreamente em quatro grupos, denominados: veículo; curcumina 12,5 mg/kg; curcumina 25 mg/kg; e curcumina 50 mg/kg. Na segunda fase, os animais foram divididos aleatoreamente em cinco grupos, denominados: veículo; cigarro; cigarro + curcumina 12,5 mg/kg; cigarro + curcumina 25 mg/kg; e cigarro + curcumina 50 mg/kg. Na segunda etapa experimental, os animais foram divididos aleatoreamente em dez grupos, denominados: veículo; curcumina 12,5 mg/kg; curcumina 25 mg/kg; curcumina 50 mg/kg; curcumina nanoencapsulada 4 mg/kg; cigarro; cigarro + curcumina 12,5 mg/kg; cigarro + curcumina 25 mg/kg; cigarro + curcumina 50 mg/kg; cigarro + curcumina nanoencapsulada 4 mg/kg. O tratamento com a curcumina e com a fumaça do cigarro foi realizada uma vez por dia, cinco dias por semana, durante trinta dias. A curcumina foi administrada de forma oral e, após aproximadamente dez minutos, os grupos fumantes eram expostos à fumaça de quatro cigarros comerciais (0,9 mg de nicotina, 10 mg de alcatrão cada) dentro de uma câmara de exposição. Após trinta dias, os animais foram eutanasiados, o sangue coletado e o encéfalo dissecado em córtex cerebral, hipocampo, hipotálamo, estriado e cerebelo. O grupo de ratos expostos à fumaça do cigarro apresentou um aumento na atividade das enzimas E-NTPDase (ATP como substrato) e E-5 -NT, e uma redução na atividade da enzima E-NTPDase (ADP como substrato) em plaquetas; um aumento nas atividades das enzimas E-NTPDase, E-5 -NT e AChE em sinaptossomas de córtex cerebral; um aumento na atividade da enzima AChE em cerebelo, córtex cerebral, hipocampo, estriado, hipotálamo e sangue periférico; uma redução nas atividades das enzimas Na+,K+-ATPase e Ca2+-ATPase e um desequilíbrio no balanço redox. Além disso, neste mesmo grupo de animais observou-se um déficit cognitivo avaliado através dos testes da esquiva inibitória e do reconhecimento de objetos. Concluimos que o uso de ambas as formulações de curcumina livre e nanoestruturada previne os efeitos observados nas atividades das enzimas do sistema purinérgico, colinérgico, nas enzimas envolvidas na formação do gradiente iônico e nos parâmetros de estresse oxidativo. Por fim, os resultados obtidos neste estudo indicam que a administração da curcumina através de nanocápsulas de núcleo lipídico possa ser uma alternativa para o aumento de sua eficácia, provavelmente pelo aumento da biodisponibilidade da curcumina administrada de forma oral.