Constituintes químicos e propriedades bioativas de Lantana montevidensis (spreng.) briq. e Lantana camara L. (verbenaceae): evidências para o uso farmacológico
Fecha
2016-04-08Segundo membro da banca
Schetinger, Maria Rosa Chitolina
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Acredita-se que a utilização de plantas medicinais como terapia curativa e preventiva seja
tão antiga quanto o próprio homem. No Brasil, a utilização de plantas no tratamento de
doenças apresentam influências da cultura indígena, africana e européia. Algumas dessas
plantas, como o camará-de-cheiro (Lantana camara) e o chumbinho (Lantana
montevidensis), são utilizadas no Nordeste como agentes tônicos, sudoríferos e febrífugos,
contra tosses, bronquites, reumatismo, asma, úlcera e infecções microbianas. Considerando
a não existência de tratamento eficiente contra leishmaniose e tripanossomíase devido à
resistência às drogas usadas, o pouco conhecimento sobre a toxicidade de plantas para uso
medicinal, este estudo pode contribuir para o desenvolvimento de terapias alternativas no
tratamento dessas doenças parasitárias. Neste contexto, o óleo essencial extraído por
hidrodestilação das folhas de L. camara foi testada contra a Leishmania braziliensis e
Trypanosoma cruzi. Adicionalmente, apesar do fato que as duas plantas são utilizadas para
as mesmas finalidades, pouco é conhecido sobre as atividades biológicas da L.
montevidensis, em particular, a respeito a sua toxicidade e seu potencial antioxidante. Desta
forma, outro objetivo desta tese era investigar a genotoxicidade e citotoxicidade de extratos
etanólicos (EtOH) e aquosos das folhas de L. montevidensis em leucócitos humanos, bem
como a sua possível interação com membranas de eritrócitos humanos in vitro. A atividade
antioxidante de ambos os extratos também foi investigado. Os resultados demonstraram que
a composição do óleo essencial de L. camara analisado por cromatografia gasosa por
espectrometria de massa (GC/MS) revelou a presença de (E)-cariofileno (23,75%),
biciclogermacrene (15,80%), germacreno D (11,73%), terpinoleno (6,1%), e sabineno
(5,92%). O óleo essencial de L. camara inibiu T. cruzi e L. braziliensis com IC50 de 201,94
μg/mL e 72,31 μg/mL, respectivamente. O óleo essencial de L. camara foi tóxico para os
fibroblastos NCTC929 em 500 μg/mL (IC50 = 301,42 μg/mL). Esses resultados corroboram
entre si e, pelo menos em parte, explicado pela presença dos constituintes presente no óleo
essencial. Tomados em conjunto, os nossos resultados sugerem que o óleo essencial de L.
camara pode ser uma importante fonte de agentes terapêuticos para o desenvolvimento de
medicamentos alternativos contra doenças parasitárias. A análise de HPLC-DAD dos
extratos EtOH e extratos aquosos de L. montevidensis identificou ácido clorogênico e
quercetina como os principais componentes para EtOH, enquanto os ácidos caféicos e
clorogênicos foram os principais ácidos fenólicos no extrato aquoso. Nos ensaios de
citotoxicidade, de fragilidade osmótica de eritrócitos humanos e viabilidade celular em
ensaio cometa, os extratos EtOH e extratos aquosos de L. montevidensis (1-480 μg/mL) não
demonstraram efeitos toxicos e não afetaram o índice de danos no DNA, porém,
promoveram citotoxicidade nas maiores concentrações (240-480 μg/mL). Para a atividade
antioxidante, os extratos foram capazes de sequestrar o radical DPPH e inibir a peroxidação
lipídica induzida pelo Fe2+ (10 μM) em homogenados de cérebro e fígado de rato e, esta
ação parece não ser atribuída a quelação de ferro (II). Estes resultados justificam pelo
menos em parte o uso popular desta planta na medicinal tradicional e sugerem que cuidado
deve ser tomado quanto a sua dosagem ou frequencia de uso. Contudo, espera-se que
estes resultados possam contribuir significativamente com o conhecimento fitoquímico e
atividade biológica destas espécies. Isto poderá ser de extrema importância para a região na
obtenção de novos fármacos naturais, e consequentemente melhoria da qualidade de vida
dos brasileiros.