A influência do green marketing na estratégia competitiva de empresas brasileiras
Abstract
A noção de sustentabilidade, largamente aceita, afeta pessoas, governos e empresas de diferentes modos e
exige a incorporação de novas estratégias por parte dos mesmos. A presente dissertação tem por objetivo
investigar quais as estratégias de Green Marketing adotadas por empresas brasileiras listadas no Índice de
Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo e qual a sua influência na estratégia competitiva das mesmas. Foi utilizada a abordagem qualitativa por meio de estudo de casos múltiplos. Como unidade de análise foram selecionadas cinco empresas brasileiras (papel e celulose, química,
siderúrgica, banco e produtos de acabamento para construção civil) que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA no presente ano. A coleta dos dados aconteceu nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, no período de julho a agosto de 2010, por meio de entrevistas semi-estruturadas, conduzidas in loco com gestores das empresas. Outras fontes utilizadas foram observação direta,
documentos e publicações e artefatos físicos. Com respeito a razões que levam as empresas a adotarem o Green Marketing, a responsabilidade social é apontada como a principal razão. Observou-se que o grande agente de transformação são as próprias empresas e não os consumidores brasileiros, que ainda demandam pouco por produtos verdes. Analisando as empresas estudadas como consumidores industriais, estas
desempenham um papel importante em sua cadeia produtiva, exigindo que seus fornecedores entreguem insumos, matérias-primas e serviços verdes. A segmentação verde mostrou-se uma estratégia de difícil aplicação no país. Identificou-se, porém, a prática das seguintes estratégias de Green Marketing: Verde Escasso, Verde Matizado e Verde Extremo (GINSBERG e BLOOM, 2004); Ecoeficiência, Beyond
Compliance Leadership, Eco-branding e Liderança em Custo Ambiental (ORSATO, 2006); Atributos verdes e Atributos não-verdes (OTTMAN, STTAFORD e HARTMAN, 2006); Posicionamento de Marcas Verdes por Atributos Funcionais e Posicionamento de Marcas Verdes por Benefícios Emocionais
(HARTMANN, APAOLAZA-IBAÑEZ e FORCADA-SAINZ, 2005); e Estratégia Verde (GRANT, 2007). Com respeito à influência do Green Marketing na estratégia competitiva, os resultados indicam que todas as empresas adotam a Estratégia Sistêmica (WHITTINGTON, 2002) e a Abordagem Estratégica de Gestão
Ambiental (BARBIERI, 2007). Os resultados dão conta ainda que as empresas consideram em sua missão e em sua visão a condição de sustentabilidade; desenvolvem linhas de produtos e serviços verdes ou tornam verdes os produtos e serviços existentes, adotando ou não marcas verdes; conduzem mudanças em seu processo produtivo que resultam em ganhos ambientais e redução de custos; e tendem a não praticar o
preço premium. As mudanças efetuadas pelas empresas têm um caráter estratégico, e não tático, e uma postura pró-ativa. Concluiu-se que, ao adotarem diferentes estratégias de Green Marketing, as empresas estudadas antecipam-se à futura e esperada alta demanda por produtos verdes por parte dos consumidores brasileiros e esperam, com isso, ganharem vantagem competitiva. O Green Marketing está, desse modo, incorporado ao planejamento estratégico em todos os casos estudados e a sua prática mostra-se crescente. A importância do presente estudo reside tanto na sistematização dos conhecimentos sobre Green Marketing
quanto na verificação empírica das estratégias das empresas brasileiras.