Impactos da crise de 2007/2008 nos mercados de capitais latino-americanos
Abstract
A grande integração dos mercados mundiais potencializou os efeitos de crises
financeiras. A crise financeira de 2007/2008, iniciada nos EUA e depois expandida para
grande parte do mundo, teve severo impacto em praticamente todos os mercados do mundo,
podendo ser comparada à Grande Depressão ocorrida em 1929. Esse evento abriu novamente
as discussões a respeito das crises financeiras e suas repercussões nos diversos mercados
financeiros do mundo. Os investidores têm questionado os fundamentos sobre os quais
fundavam suas decisões sobre o risco do investimento em ações e os benefícios da
diversificação global (BARTRAM e BODNAR, 2009). Tendo em vista este contexto, definiuse
como objetivo geral do presente trabalho investigar os impactos do mercado de capitais dos
Estados Unidos nos mercados latino-americanos devido a crise de 2007/2008. O estudo
empírico a respeito do efeito das crises financeiras nos mercados de capitais da América
Latina está dividido em três partes: impactos no relacionamento de longo prazo, no
relacionamento de curto prazo e na transmissão da volatilidade. A primeira parte é composta
pela análise de cointegração de cada um dos mercados latino-americanos com os Estados
Unidos, dois a dois. Esta análise é realizada utilizando o teste de cointegração de Engle e
Granger (1987). No segundo momento do estudo, são estimados modelos de vetor
autoregressivo (VAR) e de correção de erro (VEC) de cada um dos países com os Estados
Unidos. No terceiro passo é empregado o modelo BEKK de GARCH multivariado
considerando a distribuição t-student para modelar a transmissão das volatilidades. Todos
esses modelos são estimados para o período completo e os subperíodos antes, durante e
depois da crise. Os resultados do estudo permitem inferir que houve mudança dos
relacionamentos entre os países da América Latina e os Estados Unidos em função da crise
ocorrida em 2007/2008. Tanto o relacionamento de longo prazo quanto a transmissão na
volatilidade entre os países da América Latina tiveram uma resposta mais evidente no período
após a crise do que durante esta, revelando uma maior integração entre mercados após a crise.
Na análise do relacionamento entre retornos com a utilização do VAR e do VEC, por outro
lado, percebe-se que durante a crise houve um aumento nas defasagens de dependência em
alguns mercados, reduzindo esta dependência no período posterior à crise.