O sistema agroindustrial do leite do Rio Grande do Sul e a estrutura de governança nas transações com leite em Cruz Alta - RS
Fecha
2012-06-22Metadatos
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A partir da década de 1990 o Sistema Agroindustrial do Leite no Brasil vem mudando por
questões institucionais, organizacionais, tecnológicas, econômicas e estratégicas. As relações entre os
segmentos do sistema, especialmente entre o produtor rural de leite e a indústria processadora, tem se
apresentado de diferentes formas, implicando assim a necessidade de maior coordenação entre os
agentes. Ocorreu um aumento da exigência ao segmento da produção rural devido à necessidade de
produzir em maior escala, adoção de tecnologias de nível mais elevado, maior padrão de qualidade e
maior regularidade de oferta, exigindo do produtor investimentos na produção de leite, sob pena de
inviabilizar a atividade. Nesse sentido, esse estudo objetivou descrever o Sistema Agroindustrial do
Leite do Rio Grande do Sul e determinar a estrutura de governança predominante nas transações entre
os produtores rurais de leite e a agroindústria processadora, pela ótica do produtor. Os fundamentos
teóricos usados como base na análise foram o conceito de Sistema Agroindustrial e a teoria da
Economia dos Custos de Transação. A caracterização do SAG do leite do RS foi realizada através de
fontes secundárias. Na investigação da governança, fez-se uma pesquisa de campo com 23 produtores
rurais de leite do município de Cruz Alta RS. Constatou-se a importância e a representatividade do
SAG do leite do RS para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil. O Rio Grande do Sul é o 2º
maior produtor de leite do país e a mesorregião Noroeste Rio-Grandense apresenta o maior rítmo de
crescimento da produção, se posicionando acima do nacional, entre os anos de 1999 e 2009, dentre as
principais mesorregiões produtoras de leite no Brasil. Na mesorregião Noroeste, também se encontra a
maior concentração de produtores. Mais de 90% do leite captado no Estado é através de cooperativas.
Na pesquisa de campo, constatou-se que existe uma dependência bilateral entre o produtor e a
agroindústria. Dentre as três estruturas de governança definidas por Williamson (1985), a mais
adequada a esse estudo é a forma híbrida, que está situada entre os extremos da governança via
mercado e da hierárquica. No entanto, pode-se afirmar que ela está mais próxima do mercado do que
do contrato formal. Nas características das transações analisadas, frequência, grau de incerteza e
especificidade dos ativos, observou-se que a frequência nas transações entre os agentes em estudo é
recorrente e a incerteza é inexpressiva. Os ativos específicos podem ser considerados de baixa
especificidade. Nesse sentido, os custos de transação para o leite são reduzidos, o que justifica uma
estrutura de governança híbrida, sem contrato formal entre as partes, apesar da existência de certo grau
de dependência entre elas. Essa dependência não é suficientemente elevada ao ponto de incentivar a
elaboração de contratos.