Genotoxicidade, citotoxicidade, compostos fenólicos e viabilidade polínica de Psidium cattleianum Sabine (Myrtaceae)
Fecha
2015-03-06Metadatos
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Psidium cattleianum Sabine, também conhecido como araçá, é uma espécie nativa do Brasil,
valorizada pelo alto teor de vitamina C em seus frutos, que são consumidos in natura. Além
disso, também é uma espécie utilizada com fins medicinais. O uso de plantas como recurso
terapêutico é uma prática bastante difundida na medicina popular mundial e, apesar dessa
generalidade da fitoterapia, são poucos os estudos sobre a composição química das plantas,
bem como sobre os seus potenciais riscos à saúde da população. Além disso, a caracterização
de germoplasma de uma espécie, a exemplo da determinação da viabilidade polínica, é
importante na manutenção de um banco de informações que podem ser úteis em trabalhos
futuros. Tendo em vista que algumas plantas apresentam efeitos adversos, o presente trabalho
objetivou analisar o efeito antiproliferativo e genotóxico do suco dos frutos de P. cattleianum e do
extrato aquoso de suas folhas usando o sistema-teste de Allium cepa L. (cebola). Ademais, o
presente também objetivou realizar a análise de seus grãos de pólen e estimar sua viabilidade
através de diferentes técnicas de coloração. Frutos de três acessos foram utilizados no preparo
dos sucos na concentração de 125 g.L-1, e folhas secas de quatro acessos foram utilizadas na
preparação dos extratos aquosos em duas concentrações diferentes: 15 g.L-1 e 75 g.L-1, sendo
utilizada a água destilada como controle negativo e o glifosato como controle positivo. Foi
analisada a inibição da divisão celular e também a presença de danos cromossômicos nas
células meristemáticas de raízes de A. cepa. Para a determinação dos compostos fenólicos, as
amostras dos sucos e dos extratos aquosos foram analisadas por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE). A viabilidade polínica de vinte acessos de P. cattleianum foi determinada
usando dois métodos de coloração. A análise estatística foi realizada pelos testes Qui-quadrado
e Scott-Knott (p < 0,05). A análise da genotoxicidade mostrou que o suco de araçá induziu a
proliferação celular e alterações cromossômicas, além de inibir a formação do fuso mitótico em
A. cepa. Os extratos preparados com as folhas dos quatro acessos reduziram a proliferação
celular, no entanto, apenas o extrato das folhas coletadas no município de Cerro Largo (CL)
induziu alterações cromossômicas. Os sucos e os extratos aquosos das folhas apresentaram na
sua constituição os compostos fenólicos: ácido gálico, catequina, ácido clorogênico, ácido
cafeico, ácido elágico, epicatequina, rutina, quercitrina, isoquercitrina, quercetina e canferol. A
viabilidade polínica determinada pela orceína acética 2% foi superior a 97,9%, enquanto que
com o reativo de Alexander variou entre 43% e 97%. Conclui-se que o suco de araçá possui
efeito proliferativo, genotóxico e antimitótico em A. cepa, enquanto que os extratos aquosos são
antiproliferativos e o acesso CL é genotóxico, o que pode ser extrapolado para outros tipos
celulares eucarióticos. Os compostos fenólicos majoritários no suco são de epicatequina (dois
acessos) e isoquercitrina (um acesso). Quercitrina é o composto fenólico predominante no
extrato aquoso das folhas de um acesso e quercitina nos demais. Conclui-se também que o
reativo de Alexander foi mais fiel à viabilidade real, principalmente devido à dupla coloração
oferecida por esse corante (verde de malaquita e fucsina ácida).